Mitos e soluções para a acessibilidade nos sites

Ana Schneider, Thabata Marchi, Reinaldo Ferraz e William Daflita, da esquerda para a direita

O conhecimento nunca esteve tão distribuído, de forma organizada e disponível muitas vezes de forma gratuita, mas não é um conhecimento para todos. “Imaginem o que acontece quando a gente inclui todas as pessoas que estão de fora desse conhecimento para dentro dessa área”,  provocou Luiz Candreva, do Collaborative Laboratories (CoLab), na abertura do evento Link Summit de Acessibilidade Digital, ontem em São Paulo, com transmissão ao vivo pela internet, pouco antes de um painel de especialistas sobre Boas Práticas de Acessibilidade nos Sites, no qual foram debatidos vários mitos sobre esse tema e soluções para a superação desse desafio.

O evento foi organizado pela Hand Talk, empresa especializada em tecnologia assistiva, que recebeu da ONU o prêmio WSA-Mobile pela criação do melhor aplicativo do mundo na categoria inclusão social.  Aberto às 9h30, o Link Summit de Acessibilidade Digital atraiu mais de 500 pessoas, atingiu outras 3.230 pessoas pela internet e durou até a noite.

O painel começou com uma discussão sobre mitos da acessibilidade digital, com a participação de Ana Clara Schneider, mediadora, especialista em comunicação social e tecnologia assistiva; Thabata Marchi, desenvolvedora web, idealizadora do projeto Web Sem Barreiras, da RH Software; William Daflita, desenvolvedor web e autodidata, com sete anos de dedicação à programação acessível; e Reinaldo Ferraz, especialista em desenvolvimento de web na NIC.br/WC3 Brasil, com foco em acessibilidade da web e usabilidade.

Thabata Marchi falou sobre mitos da acessibilidade digital: “para fazer site acessível, ele tem de ser feio”, “é muito custoso, complexo”, “vai ser muito trabalhoso”, “pessoas com deficiência não utilizam a internet”.  Nada disso é real.

Reinaldo Ferraz reconheceu que as documentações não são simples. Mesmo assim, ele sempre costuma falar para as pessoas colocarem a acessibilidade na rotina do seu desenvolvimento, porque isso torna tudo muito mais fácil. Para ele, o mito de que a acessibilidade é muito difícil é totalmente equivocado, “pois quando você aprende a descrever imagens de forma adequada, quando você começa a estruturar seu conteúdo de forma adequada, para que a tecnologia assistiva consiga acessar, isso torna tudo muito mais simples”.

Um mito comum, segundo William Daflita, é a ideia de que implementar a acessibilidade custa caro, mas isso “só acontece quando se tenta corrigir o que a gente fez”. O fato de a gente ter de corrigir é bem caro, mas se a gente começar a fazer as coisas desde o início a acessibilidade não é cara. Outro mito é que o site acessível só beneficia pessoas com deficiência. Na verdade, esse tipo de site também beneficia pessoas com deficiência temporária e até os negócios de quem tem esse site. A acessibilidade “traz benefícios para todos nós em algum momento da nossa vida”, disse Daflita.

Os debatedores falaram sobre a importância de realizar testes do site com pessoas com deficiência, a colocação de áudio nas imagens, de forma curta e objetiva, o uso de barra de acessibilidade, a possibilidade variar o tamanho da fonte do texto, botões de contraste e o uso de ferramentas para verificar a acessibilidade (ver abaixo).

Durante o debate também foi mencionado que desde 1998 existe documentação com diretrizes sobre acessibilidade para a web (W3C, WCAG, W3C Brasil). São diretrizes que orientam os desenvolvedores e os gestores. Desde 2015 há legislação que torna obrigatória acessibilidade nos sites de internet mantidos por empresas no Brasil.

Referências

Movimento Web para todos

Validadores automáticos: aXe, ASES Web, LightHouse Audit, Tenon.io

Ferramentas de contraste: WebAIM Contrast Checker, ColorSafe.io, Acessible-Colors.com, Brandwood.com/a11y

Lista Oficial do W3C: composta por 116 ferramentas, https://w3.org/WAI/ER/tools

Artigo iMasters: Acessibilidade, por onde começar?, Thabata Marchi

https://imasters.com.br/desenvolvimento/acessibilidade-por-onde-comecar

Web Sem Barreiras – Vídeo das palestras

https://bit.ly/2vMy8oR

Ferramentas de avaliação de acessibilidade:

http://www.acessibilidade.gov.pt/accessmonitor/

http://asesweb.governoeletronico.gov.br/ases/

Acessibilidade Toolkit de Marcelo Sales

https://uxdesign.blog.br/acessibilidade-toolkit-entendendo-de-uma-vez-por-todas-a-wcag-e2714120d80