Empreendedoras da EcoCiclo (da esq. para a direita): Adriele Menezes, Hellen Nzinga, Karla Godoy e Patricia Zanella

As empreendedoras Hellen Nzinga, Patrícia Zanella, Karla Godoy e Adriele Menezes são as fundadoras da EcoCiclo, uma startup de absorventes veganos, biodegradáveis e hipoalergênicos que se decompõem em apenas seis meses enquanto a versão tradicional pode levar até 500 anos. Mas o propósito dessas moças vai além do produto. Elas querem desenvolver um modelo de empregabilidade e autoconhecimento das mulheres por meio de produtos sustentáveis.

Concorrendo com mais de três mil startups de 56 países, a EcoCiclo garantiu uma vaga na etapa mundial da competição global de negócios verdes ClimateLaunchpad, depois de conquistar o primeiro lugar na fase final da etapa regional que contou com 15 finalistas do Brasil, Argentina, Canadá, Colômbia, Jamaica e Uruguai.

Hellen Nzinga (comunicóloga, responsável pela gestão) e Adriele Menezes (engenheira química) são naturais da Bahia. Patricia Zanella (internacionalista, da área de marketing) e Karla Godoy (cientista política, responsável pela gestão financeira) são de São Paulo e Recife, respectivamente. As quatro mulheres se conheceram também em São Paulo durante participação no PróLíder, programa gratuito para formação de lideranças jovens com foco no desenvolvimento de negócios de transformação social no Brasil.

Foi na segunda etapa deste programa que surgiu a ideia de produzir um absorvente íntimo biodegradável. Segundo Hellen, a missão era criar um produto que impactasse cerca de um milhão de vidas, um absorvente que custasse mais barato que o modelo comum, com processo de decomposição rápido e com benefícios para a saúde das mulheres.


“Um absorvente normal é feito de plástico, derivado do petróleo, ou seja, ele demora de 100 a 500 anos para se decompor e é tóxico, porque é um plástico.” | Hellen Nzinga, EcoCiclo


 

Esse foi o objetivo das amigas ao criar a EcoCiclo, empresa pioneira no desenvolvimento de absorventes íntimos biodegradáveis no Brasil. “Um absorvente normal é feito de plástico, derivado do petróleo, ou seja, ele demora de 100 a 500 anos para se decompor e é tóxico, porque é um plástico, então pode causar doenças, infecções e alergias. Uma pessoa que menstrua usa de 10 a 15 mil absorventes durante a vida, ou seja, são 10 a 15 mil absorventes que levam até 500 anos para se decompor. O primeiro absorvente foi criado em 1940, então o primeiro absorvente criado existe no mundo até hoje”, explica Hellen.

Os desafios de empreender

A falta de apoio financeiro e de confiança das pessoas em acreditar em um projeto guiado por quatro jovens mulheres é explicado por um velho conhecido em nossa sociedade, mas que também se reflete no campo do empreendedorismo: o preconceito.

“Empreender tem sido um desafio e tanto, não só pela parte dos negócios mas pela parte da indústria, afinal são áreas que em sua grande maioria são comandadas por homens. Quando chegam quatro jovens falando de negócios de igual para igual, falando de mecânica, de química e indústria, às vezes assusta”, lamenta Hellen.

Hellen e Adriele chegaram a sofrer alguns episódios de machismo durante sua procura por um profissional para construir a máquina para fabricar absorventes. Durante visita em uma tornearia mecânica, Hellen relata que os torneiros nem chegavam a se levantar de suas cadeiras para fazer o atendimento, pois, segundo Hellen, não faria sentido ter duas mulheres querendo contratar algum serviço do tipo. E quando explicavam a finalidade da máquina, os homens rapidamente negavam-se a realizar o pedido.

A EcoCiclo foi umas das 90 empresas participantes do programa de aceleração da Vale do Dendê, que busca ajudar novas empresas e startups que atuam na esfera da economia criativa e que estão inseridas no contexto de diversidade.

Agora com o destaque obtido na competição, vencendo as etapas nacional e regional (Américas e Caribe) da ClimateLaunchpad, a EcoCiclo já garantiu a sua participação no programa de aceleração da Climate KIC. Para definir quem sobe ao pódio, no dia 2 de outubro, as startups foram divididas em oito blocos temáticos para serem avaliadas por um time composto por 32 jurados internacionais, incluindo Márcia Soares, gestora de redes e parcerias no Fundo Vale, que representará o Brasil.


A EcoCiclo funciona também como um portal de autocuidado e saúde feminina, criando uma rede de apoio para seu público, incentivando o autocuidado, a saúde e a autoestima.


 

A ideia das empreendedoras é também ter um projeto social que ofereça emprego para as mulheres, na produção. Por isso, a EcoCiclo funciona também como um portal de autocuidado e saúde feminina, criando uma rede de apoio para seu público, incentivando o autocuidado, a saúde e a autoestima. Por meio dos portais de comunicação, a EcoCiclo disponibiliza informações sobre saúde, sustentabilidade e empregabilidade.

Iniciativa capitaneada por mulheres, EcoCiclo reinsere mulheres no mundo do trabalho, agindo na promoção de emprego e renda com a projeção de desenvolver suas colaboradoras; quem produz são mulheres em situação de vulnerabilidade, que chefiam a maior parte dos lares brasileiros.

Na final global da ClimateLaunchpad, as Top 16 têm acesso à aceleração da Climate KIC; a vencedora de cada uma das oito categorias recebe prêmio em dinheiro; e as três primeiras colocadas recebem, respectivamente, 10 mil euros, 5 mil euros e 2,5 mil euros.