Selo ambiental e rastreamento facilitam a logística reversa de embalagens

Logística reversa: resíduos de embalagens lavados e enfardados, prontos para reciclagem. (Fotos: divulgação).

A Constata Tecnologia, de Jacareí (SP), oferece solução econômica para empresas cumprirem legislação sobre logística reversa de embalagens. Catadores e cooperativas também são beneficiados por contribuírem para a redução dos aterros sanitários e gestão adequada de resíduos.

Aos 45 anos, depois de trabalhar em grandes empresas de tecnologia como IBM, HP e Ericsson, o gestor de empresas Marco Moura, de Jacareí (SP), sentiu-se atraído pelas oportunidades de negócios criadas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Foi assim que ele decidiu atuar no desenvolvimento de sistemas de rastreabilidade focados em projetos de impacto social e ambiental na área de logística reversa de embalagens.

Para seguir por essa trilha, fundou em 2018 a Constata Tecnologia, que se instalou na Incubadora de Empresas de Jacareí, mantida pelo CTDI – Centro de Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação do município paulista. A Constata passou a oferecer planos de logística reversa de embalagens, solução mais barata para as empresas clientes do que investir em um projeto próprio. A operação é feita por cooperativas de catadores de resíduos, que fazem a destinação correta dos resíduos.

Na etapa inicial, a Constata começou a atuar no segmento de logística reversa de resíduos de eletroeletrônicos produzidos por empresas de informática e telecomunicações. Essa atividade, feita em conjunto com a Recicladora Urbana de Jacareí, de Ronaldo de Moura Stabile, “foi o primeiro contato relevante da empresa para entender o que é a logística reversa e a questão da sustentabilidade e responsabilidade social”, diz Marco Moura.

A parceria com Stabile, fundador da Recicladora Urbana e pioneiro da economia circular no Brasil, membro do conselho de empresas do Sistema B e engajado na questão ambiental, ajudou a impulsionar a Constata ao gerar demanda para seus serviços.

 O Selo Ambiental Fechando Ciclo

Hoje o principal serviço da Constata para empresas é o Selo Ambiental Fechando Ciclo, solução de reciclagem mais barata, inclusiva e prática. “Nós remuneramos as cooperativas de reciclagem parceiras para reciclar a mesma quantidade de material das embalagens. Assim, as empresas não precisam ter estrutura própria para realizar a logística reversa exigida por lei”, explica Moura.

O Selo, na verdade, é uma plataforma de compensação ambiental desenvolvida pela Constata Tecnologia para certificação de logística reversa de empresas brasileiras, de acordo com a PNRS.

Ao estampar o Selo Ambiental Fechando Ciclo, os consumidores ficam sabendo que estão adquirindo um produto de uma empresa sustentável. A Constata também ajuda as marcas a divulgar essa ação sustentável em sua rede de clientes e parceiros.

Um case de sucesso da Constata é o da GTEX Brasil SA, que coloca o Selo nas embalagens de suas marcas certificadas. São 3,6 mil toneladas de plástico, 30 toneladas de papel, 140 famílias envolvidas na coleta e três cooperativas.

A Constata também atua na área de consultoria em logística reversa. “Hoje nós entendemos a carência que ainda existe no Brasil.  Os resíduos de produtos eletroeletrônicos são uma parte relativamente pequena. Os outros materiais, como plástico, papel, vidro e metal, respondem por um volume muito maior. As embalagens desses produtos são uma questão bem crítica, com relação ao que vai para o meio ambiente”, afirma Moura.

O empreendedor considera o resíduo pós-consumo um desafio enorme. Essa realidade levou a empresa a focar suas atividades na logística reversa de embalagens.  A ideia é trazer cada vez mais esses resíduos para a cadeia produtiva, evitar aterros sanitários e outras destinações inadequadas.

De acordo com a PNRS, instituída em 2010, a finalidade da logística reversa é a responsabilidade por esse material, que vai do fabricante até o consumidor.  “O consumidor tem de ser consciente e, no mínimo, descartar esse material de forma adequada na coleta seletiva”, alerta Moura.  Um decreto presidencial de 2017 (9.177) colocou os fabricantes como responsáveis pela elaboração de um plano de logística reversa e, em São Paulo, a Cetesb passou a condicionar o licenciamento ambiental a esse plano.

Segundo Moura, o problema para as empresas, então, é como fazer esse plano. “Fica muito complicado, uma vez que as embalagens estão distribuídas em vários pontos, a não ser que houvesse 100% de engajamento do consumidor para devolver essa embalagem. Foi por essa razão que a Cetesb entendeu que esse trabalho pode ser feito por meio da compensação ambiental, porém é necessária uma rastreabilidade muito grande, consistente, para saber, de um lado, o que está sendo gerado pelos fabricantes e, de outro, o que está sendo coletado pelo próprio operador logístico. O comprovante da logística reversa via reciclagem aceito pela Cetesb è a nota fiscal de venda de materiais recicláveis. As prefeituras estão igualmente envolvidas nesse processo, ao oferecerem a coleta seletiva de resíduos.

Equipe da CCRS – Central de Cooperativas de São José de Campos, parceira homologada da Constata

Após a coleta, os materiais vão para as unidades de tratamento, onde várias cooperativas fazem a triagem, lavagem, prensagem e enfardamento. No final, esse material é vendido como matéria prima para diversos segmentos industriais.  A Cetesb permite que as empresas geradoras cuidem da coleta dos resíduos de suas embalagens. Nesse caso, a Constata faz uma ponte entre as cooperativas e as empresas geradoras.

A equipe da Constata

Além de Marco Moura, formado em administração e com pós-graduação em gestão estratégica de negócios, que já trabalhou no Chile como gestor de projetos na área telecomunicações, a empresa conta com Márcio Aurélio Toledo de Moura, pai de Marco, graduado em filosofia e administração, com experiência na área financeira; Tiago Assis, programador Full Stack;  Gabriel Takahashi, programador Front End; e mais dois estagiários.  A filha de Moura, Paula, também ajuda na Constata e cuida da comunicação da empresa pelas redes sociais.

A Constata Tecnologia foi uma das 14 empresas selecionadas pelo Programa Hangar, iniciativa do Quintessa, Pipe.Social e Civi-co. Depois de cinco meses de workshops, acompanhamento individual e acesso a rede qualificada de mentores, representantes dos negócios se apresentaram no Demoday, que aconteceu no dia 26 de março deste ano. O programa Hangar teve o objetivo de impulsionar negócios de impacto para a validação de um modelo de negócio que seja escalável, lucrativo e que gere impacto socioambiental relevante. Recentemente, a Constata foi selecionada como um dos quatro melhores negócios entre mais de 120 empresas pela chamada Din4mo & FIIMP II e irá receber, nos próximos meses, uma consultoria exclusiva da Din4mo para realização da estruturação e preparação da empresa para captação de investimento.