Recorte realizado pelo Censo GIFE revela que, entre a rede de associados da entidade, 42% das organizações atuam de alguma forma com negócios de impacto e, entre elas, um terço investe mais de 5% de seu orçamento nesse campo
Recorte sobre a área de negócios de impacto social, realizado a partir do Censo GIFE, revela que 42% das 116 organizações que participaram da pesquisa já atuam nessa área de diversas formas, especialmente via estratégias de formação e participação em redes. O total de aportes dos investidores sociais privados reunidos no GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) – associação de investidores sociais do Brasil – a essa área foi de R$ 52 milhões em 2016. Considerando os diferentes tipos de investidores, as empresas são as que, proporcionalmente, mais atuam com negócios de impacto (59%), seguidas dos institutos e fundações familiares (55%).
O recorte da pesquisa foi apresentado no último encontro da Rede Temática de Negócios de Impacto do GIFE, realizado no dia 5 de novembro, por Erika Sanchez Saez, gerente de Programas do GIFE. “Na análise geral, o campo dos institutos e fundações está em um processo de aproximação com o universo dos negócios de impacto, demonstrando muito interesse, mas também com muitas dúvidas e incertezas relacionadas a conceitos, questões jurídicas e formas de investimento. Os encontros da Rede Temática procuram responder a essas indagações”, explicou Érika.
Outro dado interessante do recorte do Censo GIFE é o fato de que entre os 42% de organizações que atuam de alguma forma com negócios de impacto, quase um terço – 31% ou 15 de 49 organizações – investe mais de 5% do seu orçamento no campo de negócios de impacto. “Esse número é uma média, algumas colocam muito mais”, destacou Erika. Uma análise um pouco mais individualizada e focada somente nas organizações que já atuam com negócios de impacto revela grande variação no percentual de orçamento destinado a essa área de atuação, inclusive com alguns institutos e fundações fazendo aportes expressivos.
O estudo indica que o investimento social privado no país caminha na direção sugerida pela Aliança pelos Investimentos em Negócios de Impacto (antiga Força Tarefa de Finanças Sociais) para institutos e fundações. Entre as 15 recomendações prioritárias da Aliança para o fortalecimento de setor de negócios de impacto social está a de número 2, Protagonismo de Fundações e Institutos, que definiu como meta que “fundações, institutos e veículos similares direcionem, até 2020, 5% de seus investimentos e doações ao desenvolvimento do campo do investimento e negócios de impacto, preferencialmente em estratégias que fortaleçam a chamada para novos investidores e o fomento à inovação, alavancando sua disposição para correrem riscos”.
O Censo GIFE é uma das principais pesquisas sobre Investimento Social Privado no Brasil. É realizada desde 2001 e, na edição de 2016, que teve coleta de dados realizada entre abril e maio de 2017, contou com 116 organizações respondentes (90% da base de associados do GIFE, composta por 129 organizações no período da pesquisa). Entre os associados do GIFE estão empresas, institutos e fundações empresariais, institutos e fundações familiares e institutos e fundações independentes ou comunitários. “A pesquisa busca por informação confiável, abrangente e de qualidade sobre o quanto se investe no Brasil e quem são as empresas, fundações e institutos de origem empresarial, familiar, independente e comunitária, que investem recursos privados em ações de finalidade pública, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade brasileira”, explicou Érika.
Censo GIFE: recorte negócios de impacto social
- R$ 52 milhões foram aportados para negócios de impacto em 2016, valor que corresponde a 1,8% do Investimento Social Privado total levantado pelo Censo, que foi de R$ 2,9 bilhões;
- Desse valor, 20% são de incentivos fiscais e o restante de recursos livres.
- 42% das organizações trabalharam de alguma forma com Negócios de Impacto.
Investimentos em relação ao orçamento
Entre os 42% de organizações que atuam de alguma forma com negócios de impacto, quase um terço (31%, 15 de 49 organizações) investe mais de 5% de seu orçamento nesse campo:
- 4 organizações: Até 1% do orçamento anual
- 8 organizações: Mais de 1% a 5% do orçamento anual
- 11 organizações: Mais de 5% a 30% do orçamento anual
- 4 organizações: Mais de 30% do orçamento anual
- 17 organizações: Atuaram sem aportar recursos (participaram da temática de outras formas)
- 5 organizações: Não informaram
Formas de atuação
Formação e participação em redes
- 28% = Participação de redes e debates sobre negócios de impacto
- 22% = Apoiando negócios de impacto social com formação, informação, rede de relacionamento
Aporte de recursos diretamente em negócios de impacto
- 12% = Doando ou investindo em empreendimentos de negócios de impacto
- 9% = Desenvolvendo empreendimentos de impacto social
Aporte de recursos em intermediários e/ou fundos
- 7% = Doando ou investindo em organizações intermediárias
- 3% = Doando ou investindo em fundos
Tipos de investidores
As empresas são as que, proporcionalmente, mais atuaram com negócios de impacto (59%), seguidas dos institutos e fundações familiares (55%). Os institutos e fundações empresariais e os independentes ou comunitários possuem atuação um pouco mais tímida nesse campo (36% e 31%, respectivamente), mas são os que mais demonstraram intenção em atuar com essa temática no futuro (38% em ambos os casos). O Censo apontou que 32% dos investidores sociais não atuaram com esse tema, mas sinalizaram interesse em fazê-lo no futuro, enquanto 26% não atuam e nem pretendem fazê-lo posteriormente.
Esta edição do Censo contou com o apoio do Itaú Social, Instituto Unibanco, Fundação Bradesco, Fundação Telefônica Vivo, Alana, Instituto C&A, e SDG Philanthropy Platform e PNUD Foi realizada em parceria com Foundation Center e com a Conhecimento Social. A pesquisa completa pode ser acessada pelo link
https://sinapse.gife.org.br/download/censo-gife-2016