Summit Climate Ventures consolida iniciativas rumo à adoção de uma economia regenerativa e de baixo carbono

Ricardo Gravina, diretor-executivo da Climate Ventures (à esquerda), com empreendedores da Boomera e Yvy Brasil, duas entre as 10 startups vencedoras da 1a Chamada de Bons Negócios pelo Clima. Ao centro, André Lara Rezende, da Baanko

O 1o Summit Climate Ventures teve pitches dos negócios finalistas da 1a Chamada de Bons Negócios pelo Clima, apresentação dos protótipos de ação coletiva do Lab de Inovação e uma feira de bons negócios para as pessoas e para o planeta

Empreendedores, pesquisadores, investidores, startups e representantes de projetos e movimentos sociais que buscam novos caminhos e formas de fazer negócios de impacto para impulsionar uma economia regenerativa e de baixo carbono no Brasil participaram do 1º Summit Climate Ventures, que aconteceu no dia 22 de novembro, na Escola Britânica de Artes Criativa (EBAC), em São Paulo. O encontro celebrou os resultados do 1° Ciclo da Climate Ventures, que consistiu no desenvolvimento do primeiro Lab de Inovação e da primeira Chamada de Bons Negócios Pelo Clima no Brasil.

Com base na articulação de lideranças das esferas de clima, tecnologia e negócios, o Instituto Climate Ventures Brasil desenvolveu em 2018 a plataforma Climate Ventures, que tem como propósito acelerar uma economia regenerativa e de baixo carbono, além de criar uma comunidade de líderes realizadores. “Não podemos negar que o modelo de desenvolvimento atual está destruindo o nosso planeta e não dá para fingir que isso não está acontecendo e continuar do mesmo jeito. Estamos diante de uma janela de oportunidades. Temos a chance de fazer desse desafio uma alavanca de crescimento econômico e prosperidade. Aliar crescimento econômico e impacto positivo é um caminho sem volta”, afirmou Ricardo Gravina, diretor-executivo da Climate Ventures, na abertura do encontro.

Segundo Gravina, cada vez mais recursos são destinados a negócios sociais e de impacto, fundos internacionais de fomento ou de private equity já atuam no sentido de “esverdear” suas carteiras, bancos já consideram aspectos socioambientais nas suas avaliações de risco e o tema está no planejamento estratégico das grandes empresas. O segmento de negócios de impacto cresce a taxas de 7% ao ano. “A Climate Ventures tem o objetivo de acelerar esse processo, com o recorte prioritário de empreendedorismo climático, mas sem deixar de lado o impacto social. Criamos uma plataforma para desenvolver soluções que regenerem o planeta e para apoiar os agentes de mudança”, destacou ele.

 A agenda teve pitches dos negócios finalistas da 1a Chamada de Bons Negócios pelo Clima, apresentação dos protótipos de ação coletiva do Lab de Inovação, apresentação do Mapa de Bons Negócios pelo Clima e uma feira de bons negócios para as pessoas e para o planeta. O Summit contou também com a participação de Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, que apresentou dados da sexta edição do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), lançada pelo Observatório no dia anterior, em São Paulo; de Guilherme Karam, coordenador de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que falou sobre a Iniciativa Araucária+; e de Gustavo Ribeiro, do Instituto Clima e Sociedade (ICS), um dos realizadores do encontro.

Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, apresentou dados da sexta edição do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa)

 Lab de Inovação: protótipos de ação coletiva

Energias Renováveis, Agropecuária e Florestas, e Mudança no Uso da Terra foram os temas do primeiro Lab de Inovação, concluído no dia 22 de novembro. “Foi um processo estruturado de ação coletiva que reuniu cerca de 50 organizações de diferentes setores que trabalharam para desenvolver soluções concretas – 10 protótipos. A empatia e conexão entre os participantes gerou um ambiente de confiança e criatividade que funcionou como um catalisador do processo de inovação, conduzido por meio da tecnologia social Teoria U (Presencing Institute, MIT/EUA)”, explica Daniel Contrucci, diretor de operações da Climate Ventures. Os encontros foram promovidos pela Aoka, de junho até novembro.

No Summit, um representante de cada grupo ficou encarregado de, num pitch de um minuto, apresentar o seu protótipo.

 Protótipos apresentados

  1. CLIMATHON BRASIL — GERAÇÃO ZERO CARBONO

Mobilizar a juventude para desenvolver soluções com foco em diminuir e mitigar os efeitos das mudanças do clima.

Participantes

Welson Alves – Choice; Lucas Bernar – Choice; Amanda Costa – Engajamundo; Iago Hairon – Engajamundo; Paulo Magrão – Capão Cidadão; Flávia Bellaguarda – Youth Climate Leaders

  1. ESCOLA TIMBIUSÉ — INTELIGÊNCIAS DA FLORESTA: ESCOLA DE SABERES NÃO ENSINADOS

Demonstrar a viabilidade econômica, social e cultural do modelo de negócio baseado em saberes e tecnologias tradicionais aliados a ações de baixa emissão de carbono.

Participantes

Tainá Marajoara – Iacitatá Amazônia Viva; Lorena Moreira – Iacitatá Amazônia Viva; Ítala Herta – Vale do Dendê; Fabíola Zerbini – TFA2020 – Tropical Forest Alliance

  1. CRÉDITO RURAL VERDE

Mecanismo financeiro para financiar e promover atividades produtivas sustentáveis em pequenas e médias propriedades rurais.

Participantes

Morenno Macedo – CEF; Fernando Malta – SITAWI; Pedro Soares – IDESAM ;Helena Masullo – Wright Capital; Julio Salarini – BNDES; Marco Bastos – MDIC; Juliana Machado – Fundo Vale; Matheus Brito – WayCarbon; Mark Lutes – WWF

  1. CAPÃO CIDADÃO DO AMANHÃ

Dar oportunidade e conscientizar os jovens atendidos na região do Capão Redondo a conhecerem e terem acesso a práticas sustentáveis de impacto na redução de carbono e seus benefícios a médio e longo prazo.

Participantes

Paulo Roberto Clemente da Silva – Capão Cidadão; André Menezes – Baanko; Guilherme Tiezzi – Sistema B; Wilbert Zumba – Mãe Terra; Lívia Hollerbach – Pipe Social

  1. PRODUÇÃO PECUÁRIA DE BAIXO CARBONO

Buscar canais de valorização da produção agropecuária de baixo carbono.

Participantes

Ciniro Costa Junior – IMAFLORA; Marina Piatto – IMAFLORA; Ana Horta – TNC; Emma Lima – Instituto Arapyaú; Renata Piazzon – Instituto Arapyaú; Fabíola Zerbini – TFA2020 – Tropical Forest Alliance; José Carlos Pedreira – Hecta Agropecuária

  1. DAVIGO

Lançar a publicação “Como matar uma Startup”, com reflexões e recomendações sobre a conexão duradoura e replicável entre Startups de Impacto e grandes empresas.

Participantes

André Lara Resende – Baanko; Agatha Martins – Baanko; Diogo Quitério – ICE; Livia Hollerbach – Pipe Social; Luiz Rielli – Noviconsult; Pedro Ferreira – Derraik & Menezes Advogados; Wilbert Zumba – Mãe Terra

  1. CIRCULAR

Modelo de gestão de resíduos orgânicos provenientes de alimentos, transformando-os por processo de biodigestão, em biogás, como fonte geradora de energia e/ou combustível, além de gerar outros subprodutos como adubo e CO2 para uso industrial.

Participantes

Barbara Puchala – Engenheira Agrônoma, Profissional Liberal; Bruna Cerqueira – Iclei; Juliana Muradas San Martin Reis – Projeto Inhame-Inhame

  1. CENTRAL DA FLORESTA

Entreposto logístico de comércio justo com foco em otimizar recebimento, logística e comercialização de produtos da sociobiodiversidade da Amazônia para o mercado do Sudeste.

Participantes

Mariano Cenamo – IDESAM; Renata Puchala – Consultora Sustentabilidade; Patrícia Gomes – Imaflora; Victor Moreira – CERTI; Juliana Vilhena – Fundo Vale; Márcia Soares – Fundo Vale; Guilherme Rodrigues – Sistema B; Vitor Galvani – ICE; Priscila Martins – Artemisia; Adriano Santos – ISES; Felipe Bannitz – ISES

  1. TECNOLOGIAS EMERGENTES PARA A SOLUÇÃO DE DESAFIOS DA ECONOMIA DE BAIXO CARBONO

Demonstrar o potencial de resultado da aplicação de tecnologias emergentes para a solução de desafios da EBC e a viabilidade da gestão das incertezas e complexidades de seu desenvolvimento e aplicação em campo.

Participantes

Ana Carolina Calçado – Wylinka ; André Wongtschowski – WTT

  1. BIOAGRONEGÓCIO

Sistema de indicadores que permita a agentes do sistema financeiro avaliar o desempenho da sustentabilidade (triple bottom line) de projetos iLPF++, de forma a ofertar condições de financiamento diferenciados conforme o maior grau de co-benefícios obtidos pelos projetos (“pagamentos por resultados”).

Participantes

Matheus Brito – Way Carbon; Guilherme Tiezzi – Fazenda do Futuro; Fernando Campos –Fundação Grupo Boticário; Emma Lima – Arapyaú

Vencedores da 1ª Chamada Bons Negócios pelo Clima

Realizada ao longo do segundo semestre deste ano pelo Instituto Climate Ventures Brasil e ClimateLaunchpad, em parceria com Aoka e Instituto Clima e Sociedade (ICS) e com apoio da Pipe.Social, Fundação CERTI e Instituto Arapyaú, a 1ª Chamada Bons Negócios pelo Clima conseguiu mobilizar 370 iniciativas pelo país. A Pipe.Social, primeira plataforma vitrine de negócios de impacto socioambiental do Brasil, analisou 315 iniciativas, que foram comparadas com sua base de dados.

“Foram mapeados negócios em diversas fases de desenvolvimento, desde a ideia à escala da solução e, também em todas as regiões do país, muitos deles utilizando tecnologias inovadoras para resolver problemas complexos. Foi a oportunidade de conhecer o segmento Clima, que é muito jovem, e de identificar desafios e aprendizados muito particulares para a Climate”, apontou Livia Hollerbach, co-fundadora da Pipe.Social,

Foram selecionadas 10 startups para serem reconhecidas no Summit como vencedoras da 1a Chamada Bons Negócios pelo Clima, em seis categorias:

Florestas: Encauchados de Vegetais da Amazônia e FarFarm

Gestão de Resíduos; Boomera e Yvy Brasil

Gestão da Água: Pluvi.On e Stattus4

Alimentação: Hakkuna e Wegenerate Life

Energias Renováveis: Orbita e Sunne Energias Renováveis

Houve destaques também para a Sunew e Origens Brasil. Entre as vencedoras, três representaram o Brasil no evento da ClimateLaunchpad, que aconteceu em novembro, em Edimburgo, Escócia: FarFarm, Ivy Brasil e Wegenerate Life. “O mapeamento dos negócios é fundamental para o processo de aceleração da economia de baixo carbono. Para acelerar um ecossistema como esse, é preciso antes entender todo esse cenário. Percebemos que um dos principais fatores que impede essa aceleração é identificar o pipeline. Onde estão os bons negócios para o clima no Brasil? Quem são seus idealizadores? Existem desafios comuns? Conseguem acessar os recursos financeiros?”, apontou Gravina.

Negócios vencedores

1. ENCAUCHADOS DE VEGETAIS DA AMAZÔNIA — CASTANHAL (PA)

Produção e comercialização de calçados, bolsas e acessórios com látex nativo, utilizando tecnologia Social. poloprobio.org.br

2. STATTUS4 — SOROCABA (SP)

Sensor de detecção automática de infiltração e vazamento em redes e ramais de distribuição utilizando inteligência artificial. stattus4.com

3. PLUVI.ON — SÃO PAULO (SP)

Solução de monitoramento climático para reduzir perdas geradas por eventos que utiliza rede de estações meteorológicas proprietárias de baixo custo e entrega alertas de risco antecipados. pluvion.com.br

4. SUNNE ENERGIAS RENOVÁVEIS — FORTALEZA (CE)

Plataforma para compra de créditos de energia solar que interliga usinas de energia solar a lares e pequenos comércios, compartilhando créditos de energia e economizando sem necessidade de alto investimento pelo usuário. sunne.com.br

5. HAKKUNA PROTEICO E NUTRITIVO — RIBEIRÃO PRETO (SP)

A Hakkuna produz alimentos hiperprotéicos, saudáveis e naturais, feitos a partir de proteína de insetos. hakkuna.com

6. ORBITA — RIO DE JANEIRO (RJ)

Plataforma de compartilhamento de energia e projeto de instalação de painéis solares em locais ociosos de áreas urbanas para gerar energia solar compartilhada e conectar com pessoas físicas interessadas em gerar a própria energia. orbita.cc

7. BOOMERA — SÃO PAULO (SP)

Empresa de Economia Circular especializada em gestão de resíduos, P&D e logística reversa, transformando o lixo pós-consumo em novos produtos ou produtos que voltam para a cadeia de suprimentos da empresa além de contribuir com a inclusão social e econômica de catadores em todo o Brasil. boomera.com.br

8. FARFARM — PORTO ALEGRE (RS)

A Farfarm é uma comercializadora de tecidos de fibras sustentáveis brasileiros de terceiros e de produção própria. Atuam na geração de fibras naturais, através da plantação de sistemas agroflorestais que ajudam a regenerar o planeta, criando um ciclo positivo para o consumo da moda. farfarm.co

9. WEGENERATE LIFE — SÃO PAULO (SP)

Plataforma de negócios regenerativos, que conecta a agricultura orgânica de ingredientes produzidos dentro da lógica regenerativa, ao consumidor final, grandes compradores e comercializando produtos de marca própria, gerando valor e impacto em toda a cadeia. O foco inicial está na criação de uma linha de bebidas própria, com ingredientes regenerativos. wegenerate.life

Ciclo 2019 / 2020

Para dar continuidade ao trabalho iniciado em 2018, a Climate planeja realizar três Labs temáticos ou territoriais em 2019. “A meta é fazer labs estratégicos, mais curtos, que alcancem resultados práticos no menor espaço de tempo possível. Provavelmente um será na Amazônia. Também está prevista uma segunda Chamada de Bons Negócios para o Clima e pretendemos impulsionar os protótipos, além de apoiar as startups selecionadas. Vamos ampliar o recorte para 25 negócios. Os próximos passos incluem ainda um segundo Summit – quem sabe na COP-25, que deverá ser no Brasil – e várias ações de impulsionamento, em parceria com a Fundação Certi”, destaca Gravina.

Talento, conhecimento, mercado e capital são os quatro pilares da estrutura de apoio que a Climate está desenvolvendo. “A nossa intenção não é ser uma aceleradora, mas sim construir pontes e estabelecer conexões entre as iniciativas e o ecossistema de suporte que se concentra em São Paulo e Rio de Janeiro. Pegar um protótipo e direcioná-lo para essa rede de suporte. Será um processo prototipado, vamos experimentar”, diz Gravina.

Para o próximo Sustainable Brands, evento que acontece na primeira semana de dezembro e que une o universo da sustentabilidade com o universo de marcas das grandes empresas, a Climate vai levar 16 startups que aceitaram o convite para apresentar pitches, A meta é facilitar acesso ao mercado. Gravina destacou ainda conexões com investidores e anunciou um acordo com o Santander, que se dispôs a criar um espaço para conversar com as startups e identificar formas de apoio.