Impacto e retorno financeiro com novas tecnologias

Miriam Penna Diniz, da Emap Solar, e Anna de Souza Aranha, do Quintessa

Entre os participantes do encontro do Quintessa, a Emap Solar está em fase de fomentar o sistema de bombeamento fotovoltaico para obtenção de água potável em localidades que não têm acesso a energia elétrica

Um aplicativo considerado a maior solução do mundo para traduções automáticas em línguas de sinais e uma empresa pioneira no mercado de energias renováveis que leva desenvolvimento para todos os cantos do país com a implantação de usinas fotovoltaicas – esse foi o cardápio do segundo encontro realizado no dia 26 de setembro, em São Paulo, pela aceleradora Quintessa: Impacto e Retorno Financeiro: Histórias que só Quintessa pode contar.

 Com apoio da Unibes Cultural, a série de encontros foi lançada em agosto com o tema “Negócios de impacto: soluções escaláveis para grandes desafios socioambientais”. A iniciativa tem o objetivo de disseminar o que os negócios de impacto fazem para solucionar desafios socioambientais e gerar retorno financeiro. Todos os negócios apresentados nos dois encontros foram acelerados pelo Quintessa.

“O Quintessa é uma aceleradora de negócios de impacto com foco em estruturar a gestão, impulsionar o crescimento e captar investimentos para as empresas que estão ajudando a resolver os desafios sociais e ambientais. A ideia dessa série de encontros é compartilhar o que nós vivenciamos e aprendemos com esses empreendedores. Nesses anos todos, o Quintessa apoiou mais de 60 negócios, que impactaram mais de 6 milhões de pessoas”, explicou Anna de Souza Aranha, diretora do Quintessa.

Empreendedores convidados

Ronaldo Tenório, fundador da Hand Talk, e Miriam Penna Diniz, diretora de Novos Negócios da Emap Solar, falaram sobre suas trajetórias, incluindo os desafios da inovação, dificuldades em criar mercado, o drama do equilíbrio financeiro, os erros, os aprendizados e a satisfação de causar impacto na vida das pessoas.

A Hand Talk é uma solução que faz tradução automática para a língua de sinais (Libra), com a ajuda de Hugo, um intérprete virtual. Nasceu de um trabalho acadêmico de 2008, que ficou engavetado por quatro anos. A ideia era resolver o problema de comunicação entre surdos e ouvintes em um mesmo país e muitas vezes na mesma casa. “Comecei a pesquisar, não tinha ninguém na família que era surdo, mas entendi que esse era um problema nosso, como sociedade. Na época, os smartphones eram incipientes. Depois de um tempo, encontrei um amigo que queria desenvolver um aplicativo para participar de um prêmio. Resgatamos a ideia, inscrevemos o projeto e recebemos um investimento. Com isso, abrimos a empresa e contratamos pessoas. Isso foi em 2012 e prometemos lançar o aplicativo no ano seguinte. O app recebeu vários reconhecimentos e de repente, vimos que o problema era maior do que a gente imaginava”, conta Ronaldo.

O aplicativo é gratuito, registra mais de 2 milhões de downloads. “O surdo não deve pagar pelo serviço que é garantido por lei. Mas precisávamos viabilizar o negócio e criamos um botão que traduz sites e torna as informações acessíveis para os surdos. A solução foi ganhando força e foi muito desafiador criar esse mercado, mas várias empresas acreditaram. Passamos por várias acelerações, aprendendo e amadurecendo.

Ronaldo Tenório, fundador da Hand Talk, Miriam Penna Diniz e Anna Souza Aranha

Hoje, cinco anos depois, estamos muito felizes com a repercussão de tudo isso. Negócio social tem esse lado: estamos em centenas de sites e impactamos milhões de pessoas. Gente que nós não conhecemos, nem chegaremos a conhecer. Agora, o desafio é levar a Hand Talk para outros países”, conta Ronaldo.

A Emap Solar

A história da Emap Solar começou na mesma época, em 2012. Miriam Penna Diniz é bióloga de formação, mas nunca exerceu a profissão. “Em 2006, assumi a empresa de montagens industriais do meu pai, que havia falecido repentinamente. De repente, herdei 150 funcionários, um contrato enorme com a Vale e precisei aprender a ser administradora da noite para o dia. Em 2010, conseguimos um contrato de reforma do Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG). Fiquei muito tempo executando serviços no estádio até que surgiu a oportunidade de orçar a montagem mecânica dos 6 mil módulos fotovoltaicos da Usina Solar do Mineirão. Foi o primeiro projeto do Brasil, uma concorrência internacional e caiu no nosso colo. Ofereci a nossa experiência para a empresa que venceu a licitação, entusiasmada com a possibilidade de conhecer essa tecnologia que, no país do sol como o Brasil, ainda não era adotada. Aos poucos, em função desse projeto, a empresa ganhou visibilidade. Criamos um nicho de negócio, a Emap Solar, que nasceu junto com a energia fotovoltaica no Brasil. Em 2015, ela se tornou uma empresa independente”, conta Miriam.

O empreendimento não recebeu investimentos e tem crescido organicamente. “Isso representa uma dor muito grande porque precisamos crescer para não perder o timing do mercado. Estamos muito atentos a novas tecnologias, desenvolvendo produtos como o poste solar. Um dos projetos mais lindos que quero fomentar é o sistema de bombeamento fotovoltaico para obtenção de água potável em localidades que não têm acesso a energia elétrica. Essa foi uma demanda de uma prefeitura que tinha lençol freático, mas dependia de caminhões pipa. Geramos impacto ambiental importante, mas também impacto social. Porém, uma das nossas maiores dores é não poder contar com itens que produzam receitas recorrentes. Um projeto grande representa um pico, mas depois vem um vale e precisamos demitir funcionários. O mercado tem hoje 36 mil unidades de energia solar e a previsão é de 1 milhão de projetos em cinco anos. Precisamos de estabilidade, sem picos ou vales”, explica Miriam.

Em 2017, Miriam participou da primeira edição do programa de aceleração Itaú Mulher Empreendedora. “Foi o meu primeiro contato com programas desse tipo. Sou do universo da engenharia e uma mulher pioneira nesse mercado de tecnologia, eminentemente masculino. Por causa desse programa, fui reconhecida pelo prêmio Grandes Mulheres, iniciativa da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Facebook e Grupo Boticário. Agora, estamos com o Quintessa, aprimorando a gestão da empresa”, destaca Miriam.

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