Empresas lançam programa de aceleração HousingPact, por moradia digna

Para ajudar a desenvolver um ecossistema saudável e que melhore a qualidade de vida de comunidades com moradias precárias ou vulneráveis, empresas comprometidas com a inovação organizaram-se em rede para compor o HousingPact – Pacto por uma Moradia Digna. As inscrições para o programa de aceleração vão até 25 de agosto e podem ser realizadas pelo site www.housingpact.com.

O déficit habitacional no Brasil é de 7,57 milhões de moradias, segundo a Fundação Getulio Vargas; a falta de habitação atinge principalmente as famílias de baixa renda – 91% ganham entre 1 e 3 salários mínimos; e mais de 12 milhões de pessoas vivem em favelas. É neste contexto que foi criado o consórcio HousingPact – Pacto por uma Moradia Digna, iniciativa de impacto social que, por meio de um programa de aceleração, apoiará 15 construtechs, startups ligadas ao setor de construção e pequenos negócios locais que tragam soluções novas em construção, equipamentos, serviços, manutenção e áreas públicas. O foco do programa será a população que vive em moradias precárias na comunidade do Jardim Ibirapuera, bairro da zona sul São Paulo (SP). O consórcio reúne  InterCement, Instituto InterCement, Duratex, Tetra Pak, HM Engenharia, BASF, Fundação Espaço ECO, NeoAlfa e Impact Hub.

O programa de aceleração HousingPact será executado pelo Impact Hub São Paulo, no espaço das empresas parceiras e também por canais virtuais. A chamada busca negócios que já atuem na cadeia estendida da habitação e que demonstrem capacidade de replicação das soluções e de geração de impacto social para comunidades vulneráveis. Negócios que possam atender demandas como reformas habitacionais, melhora nos espaços públicos, empregabilidade na construção civil, descarte correto de lixo, água e saneamento, energia, microcrédito habitacional e segurança. O conteúdo do programa de aceleração será construído sobre quatro pilares: mensuração de impacto, prototipagem, escalabilidade e acesso a redes e parcerias. O prazo final de inscrição é dia 25 de agosto, no site www.housingpact.com

“Escolhemos a comunidade do Jardim Ibirapuera porque já fizemos um diagnóstico que há um ecossistema ativo, alimentado por oferta e demanda, e sustentado com uma rede de comércio, produtos validados e clientes”, afirma Giancarlo Tomazim, gerente de estratégia da Basf.


“Organizadas em rede, as empresas participantes acreditam na geração de valor no setor da habitação, a partir da inovação e lógica de um mercado justo e inclusivo.”

Carla Duprat, diretora do Instituto InterCement


 

“O HousingPact foi criado para atender a necessidade da população que hoje vive em moradias inadequadas e ainda enfrenta a falta de infraestrutura. Essas condições agravam os problemas sociais, tornando-se um desafio para grandes cidades. Organizadas em rede, as empresas participantes acreditam na geração de valor no setor da habitação, a partir da inovação e lógica de um mercado justo e inclusivo, apoiando negócios para uma demanda desatendida”, esclarece Carla Duprat, diretora do Instituto InterCement.

O projeto, fruto de um investimento de R$ 1 milhão, terá a duração de um ano. As startups e os empreendimentos selecionados para o programa de aceleração passarão por mentorias, workshops e atividades práticas, como intercâmbio com as equipes das empresas apoiadoras e desenvolvimento e aprimoramento dos projetos, aplicados na prática com a comunidade do Jardim Ibirapuera. A iniciativa ainda promoverá a utilização de produtos reciclados a partir de embalagens.

Segundo o programa, o objetivo é que, com o tempo, o projeto seja expandido para outras comunidades e estados. “O ecossistema brasileiro de construtechs cresceu muito nos últimos anos”, diz Luciana Alvarez, gerente de sustentabilidade e comunicação da Duratex. “Temos diversas startups pensando em construções mais eficientes e buscando soluções para o futuro da moradia.”

Olga Simantob, coordenadora dos programas de aceleração do Impact Hub SP, explica que esse programa desempenha um papel importante e gera grande valor para esta cadeia, focado em um segmento no qual empresas tradicionais não desenvolvem especificamente produtos ou serviços, o da baixa renda ou base da pirâmide. “Consideramos como cadeia estendida da habitação todos os produtos e serviços relacionados à qualidade da moradia, partindo desde o terreno em si, passando pela construção, materiais, serviços que deveriam ser considerados em uma moradia digna e funcional até os móveis e equipamentos fundamentais para sua utilização adequada”, afirma Olga.

A fim de identificar os temas voltados à jornada da habitação do morador de baixa renda do Jardim Ibirapuera, a Fundação Espaço ECO realizará um Estudo de Percepção (HotSpot Analysis) que fará o diagnóstico das etapas que contemplam desde a construção e aquisição dos materiais, passando pela compra de equipamentos como eletrodomésticos, contratação de serviços e manutenção de áreas públicas.


Mais de 12 milhões de pessoas vivem em comunidades vulneráveis, sendo que 89% deste total, cerca de 10,6 milhões, estão concentrados em grandes centros urbanos.


 

Cenário vulnerável

Atualmente, mais de 12 milhões de pessoas vivem em comunidades vulneráveis, sendo que 89% deste total, cerca de 10,6 milhões, estão concentrados em grandes centros urbanos. Em conjunto, essa população é maior do que nove das dez capitais mais populosas do Brasil, como Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba, Recife, entre outras.

Dados do Censo IBGE, PNAD, IPEA e Data Favela indicam que 3,8 milhões dessa população querem empreender e que, do total destes moradores, pelo menos, 3,4 milhões têm a intenção de investir na melhoria das suas moradias. Enquanto o déficit de moradias no Brasil chega a 6 milhões de domicílios, o número de habitações com condições precárias é muito maior, próximo a 11 milhões.

Com este cenário, o programa HousingPact tem o propósito de desenvolver a oferta de produtos e serviços ligados ao setor de habitação para a população de baixa renda e de impactar positivamente por meio da aceleração de startups e pequenos negócios, a experiência de moradia dessa população.