Em nova fase, Vivenda aprimora a tecnologia social e prepara plataforma online para ampliar o atendimento

Até o final do primeiro trimestre de 2020, a Vivenda espera concluir uma plataforma online que buscará expandir todas as experiências de relacionamento, confiança, crédito e outras, do Programa Vivenda para o mundo digital, de forma a dar mais visibilidade para todas as frentes que têm a ver com reforma.

A plataforma vai reunir pedreiros, arquitetos, todos que tenham interesse em trabalhar com habitação e reforma. Uma das ferramentas a ser utilizada é o sistema BIM (Building Information Modeling – Modelagem de Informações da Construção).

Casas sem ventilação ou iluminação natural; ambientes com excesso de umidade; banheiros e sistema de saneamento inadequados. Essa é a realidade de muitas casas das periferias dos centros urbanos brasileiros. O Programa Vivenda nasceu do sonho de transformar a vida das famílias de regiões periféricas de São Paulo, fazendo com que elas pudessem viver em casas dignas. Desde então, a inspiração para se reinventar diariamente vem da inovação, tecnologia e do relacionamento construído ao longo do tempo.

O Programa Vivenda já entregou mais de 1.600 reformas em cinco anos de atuação em regiões como Capão Redondo, Jardim São Luís, Jardim Ângela, Campo Limpo, Parque Santo Antônio, Cidade Dutra e Grajaú. Agora se prepara para avançar mais e crescer de maneira exponencial, transformando a lógica da operação em plataformas online e offline.

“Na Vivenda, acreditamos que a tecnologia tem potencial para mudar o mundo, principalmente a mais poderosa delas que é a tecnologia social. Estamos pensando em como transformar toda essa operação que já temos nos territórios em um movimento mais agressivo para que a mesma estrutura consiga atender muito mais pessoas’, afirma Marcelo Coelho, o Lelo, CEO e co-founder da Vivenda.

Marcelo Coelho, Lelo, CEO da Vivenda: “Acreditamos que a tecnologia tem potencial para mudar o mundo, principalmente a mais poderosa delas, que é a tecnologia social.”

“Em cinco anos, a Vivenda passou de uma pequena empresa que entrega soluções de reforma para seus clientes finais a um laboratório de aprendizagem que lidera a estruturação do ecossistema em que atua com o déficit habitacional qualitativo, entregando não apenas uma reforma cada vez mais eficiente para todos os atores envolvidos, mas, especialmente, entregando produção de conhecimento e tecnologias sociais para melhoria da qualidade de vida e do morar bem”, escreve Lelo no capítulo Entendendo o contexto: relação com diferentes stakeholders (governo, grandes corporações e comunidades), parte do livro Negócios de impacto socioambiental no Brasil – como empreender, financiar e apoiar, organizado por Edgard Barki, Graziella Maria Comini e Haroldo da Gama Torres (iniciativa do ICE com a participação de 23 colaboradores).

Frentes de atuação

Consolidar e sistematizar todo o aprendizado desses cinco anos é o ponto de partida da nova fase da Vivenda. “Reunimos uma quantidade de experiências relevantes em três áreas importantes nas quais acreditamos. A primeira delas é no nosso produto, o kit reforma é uma coisa que funciona e está consolidado. Aprendemos um jeito de vender isso, que é outra coisa relevante e super importante, e desenvolvemos uma iniciativa de crédito para fazer o modelo parar em pé. Esses três movimentos num certo sentido, estão consolidados numa primeira versão e estamos ainda estamos colhendo aprendizado deles”, explica Lelo.

A primeira loja física, localizada no bairro do Campo Limpo, deu certo e já se paga. O Programa Vivenda está planejando agora em uma estrutura mais robusta, reunindo todos os serviços e parceiros. “Estamos desenvolvendo uma parceria com um varejista  de materiais de construção do Jardim Ibirapuera. Juntos vamos abrir uma operação, um mini homecenter, que vai oferecer todos os itens para construção e o serviço de reforma. Seria uma plataforma offline”, comenta Lelo.


“Com a plataforma online, vamos certificar pedreiros que ainda não trabalham com a Vivenda. Eles poderão trazer a obra que pegam na rua deles para dentro dessa plataforma e usar os serviços de um arquiteto, entregando para os seus clientes toda essa estrutura.”

Marcelo Coelho, Lelo, CEO e co-founder da Vivenda.


Plataforma online

Até o final do primeiro trimestre de 2020, a Vivenda espera concluir a plataforma online que buscará expandir todas as experiências de relacionamento, confiança, crédito e outras, do Programa para o mundo digital, de forma a dar mais visibilidade para todas as frentes que têm a ver com reforma.

“A plataforma vai reunir pedreiros, arquitetos, todo mundo que tenha interesse em trabalhar com habitação e reforma. Vamos certificar pedreiros que ainda não trabalham com a Vivenda. Eles poderão trazer a obra que pegam na rua deles para dentro dessa plataforma e usar os serviços de um arquiteto, entregando para o cliente dele toda essa estrutura. A mesma coisa com o arquiteto que mora na periferia e que tem interesse em trabalhar com habitação de interesse social, mas que não consegue ser remunerado. Se ele começar a pegar essas pequenas obras e trazê-las para dentro da plataforma, ele vai ser remunerado e levar benefícios para o cliente”, explica Lelo.

Uma das ferramentas que vão estar dentro dessa plataforma para todas as pessoas operarem, é o sistema BIM, um conceito poderoso, usado por grandes escritórios. Com a tecnologia BIM(Building Information Modeling – Modelagem de Informações da Construção), é possível criar digitalmente um ou mais modelos virtuais precisos de uma construção. Eles oferecem suporte ao projeto ao longo de suas fases, permitindo melhor análise e controle do que os processos manuais. Quando concluídos, esses modelos gerados por computador contêm geometria e dados precisos necessários para o apoio às atividades de construção, fabricação e aquisição por meio das quais a construção é realizada. “Vamos trabalhar com muito mais precisão, velocidade, entregar alguma coisa para o cliente muito mais interessante. Então é o primeiro movimento que estamos fazendo nessa direção. Essa será a base do desenvolvimento de tecnologia de tudo o que vai acontecer no Vivenda a partir de agora.  A inteligência que está dentro desse processo de melhoria contínua para a obra serve também para captação, vendas, etc.”, explica Lelo.

Casa Linda e GeneroCidadeSP

O Programa Vivenda atua com duas estruturas, que receberam nomes novos recentemente. O modelo Casa Linda opera com o cliente final, que “compra” a reforma e contrata o financiamento.

Além da venda de reformas, a Vivenda articula uma rede de filantropos, empresas, ONGs para doar reformas de casas em que seus moradores vivem em condições de extrema vulnerabilidade e não têm condições de pagar pela reforma. A rede GeneroCidadeSP torna o sonho dessas famílias uma realidade.


A ideia do Vivenda com a rede GeneroCidadeSP é que as mudanças arquitetônicas sejam o começo de um movimento de transformação da cidade, por meio de uma articulação com diferentes organizações e atores do território, para mudar a realidade daqueles que são vítimas de desigualdades.


“Criamos uma campanha de financiamento coletivo para realizar reformas e concretizar o sonho de 50 famílias que vivem em condições de extrema vulnerabilidade. Com contribuições a partir de R$ 15, você pode fazer parte desse movimento de transformação da cidade pelo direito de viver de forma mais digna na periferia de São Paulo. O Instituto Phi e o Razões para Acreditar são nossos grandes parceiros nessa empreitada”, comenta Lelo.

Programa Vivenda – o banheiro, antes e depois da reforma

Dentro de uma casa em situação de risco se concentram necessidades específicas de saneamento básico, saúde, educação e assistência social. São mulheres, idosos, crianças e pessoas com deficiência que convivem com a violência dentro ou fora de suas residências. O que seria o porto seguro delas, também figura como um dos fatores de agravamento de sua condição. A ideia do Vivenda com o GeneroCidadeSP é justamente que as mudanças arquitetônicas sejam o começo desse movimento de transformação da cidade, por meio de uma articulação com diferentes organizações e atores do território para mudar a realidade daqueles que são vítimas das desigualdades.

A DECA, empresa do grupo Duratex, maior fabricante de louças e metais sanitários do hemisfério sul, firmou parceria com o Programa Vivenda na rede. As famílias beneficiadas pelas reformas do Programa Vivenda via rede GeneroCidadeSP agora podem contar com as bacias sanitárias DECA.

Injeção de recursos

Em 2018, a Din4mo, em parceria com o Grupo Gaia e apoiada pela Tozzini Freire, estruturou a operação que viabilizou a captação de R$ 5 milhões para que o Vivenda possa financiar até 8 mil reformas, com o potencial de impactar cerca de 32 mil pessoas ao longo de cinco anos. A operação foi possível por conta da primeira debênture de impacto social do país com estrutura de blended finance: utilização de capital filantrópico para reduzir o risco e ampliar a atratividade para investidores tradicionais, com o principal objetivo de alavancar impacto socioambiental positivo.