Startups selecionadas participam do primeiro bootcamp do programa HousingPact

Foram três dias de imersão e treinamentos para os empreendedores dos 18 negócios selecionados e dos 12 negócios parceiros, que formam o consórcio do programa HousingPact. Reunidos no Impact Hub São Paulo, deram início ao processo de aceleração.

Do total de 38 negócios inscritos na chamada pública do programa HousingPact, foram selecionadas 18 startups com atuação na cadeia estendida da habitação e que se destacaram nos critérios de maturidade em gestão e potencial de impacto. Nos dias 8, 9 e 10 de outubro, os empreendedores participaram da primeira etapa do programa de aceleração HousingPact, reunidos em um bootcamp para imersão e treinamentos, ao lado dos 12 parceiros do programa.

Iniciativa de impacto social, o HousingPact reúne ArcelorMittal, BASF, CBMM, Duratex, HM Engenharia, InterCement, Instituto InterCement, Tetra Pak e a Fundação Espaço ECO. O objetivo do HousingPact é melhorar condições de moradias em áreas com infraestrutura precária e contribuir para fomentar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). A proposta de valor do modelo de aceleração é proporcionar aos negócios a possibilidade de testar e implementar suas soluções com clientes reais, em um ambiente orientado, vivenciando a aplicação prática do que projetaram. Os projetos selecionados para a segunda etapa serão implementados na comunidade do Jardim Ibirapuera, em São Paulo.

 Bootcamp

No primeiro dia, a agenda do bootcamp incluiu exercícios de escuta, implementação da Teoria U e um processo de sensibilização, com a participação da facilitadora Georgia Cunha. O painel “O setor de investimento em negócios de Impacto Social” ocupou a parte da tarde. Contou com a presença de Fernanda Bombardi, do Instituto de Cidadania Empresarial, Mariana Fonseca da Pipe.Social, Gabriela Chagas da Vox Capital e Andrea Resende da SITAWI.

No segundo dia, foi o momento de visitar o território de implementação do programa, o Jardim Ibirapuera, localizado na zona sul da cidade de São Paulo. Além da área urbanizada, o bairro conta com três grandes comunidades: Favela da Erundina, Favela da Felicidade e Jardim São Francisco. Marcado por uma geografia de pouca linearidade e encostas muito íngremes, permeadas por pequenos vales de difícil acesso e circulação restrita, a região não despertou interesse imobiliário e deu lugar à ocupação irregular, que resultou na formação de um grande conglomerado de favelas.

O reconhecimento da área foi feito com a ajuda do pessoal do Bloco do Beco, hub criativo que promove atividades culturais, artesanato, dança, teatro, percussão, hip-hop, literatura, mostras de vídeos, palestras e saraus, dentre outras atividades. Depois foi a vez da apresentação do case do Programa Vivenda, realizada por Marcelo Coelho, o Lelo, um dos seus fundadores.

A agenda do terceiro e último dia contou com a presença do Daniel Brandão da Move Social repensando teoria de mudança por meio do Modelo C. Na sequência, Marcos Paulo, da Wake e professor de Design de Serviço do Istituto Europeo di Design (IED), falou sobre Mindset de Design de Serviços e Prototipagem. Na parte da tarde, o painel Cases Inspiradores trouxe depoimentos de Bruno Balbinot, da Ambar; Leonardo Uematsu, da Litro de Luz Brasil; Katia Mello, da Diagonal; e Nathalia Doné, da BrazilLAB.

Trabalhar em rede
“Os três dias de imersão mostraram que é possível trabalhar em rede e criar um ecossistema entre os 18 negócios para solucionar os problemas da comunidade. Ao longo do processo, as conexões, soluções e produtos desenvolvidos dentro do programa, e que têm como foco solucionar problemas existentes, vão possibilitar a criação de soluções escaláveis e fazer crescer um setor econômico que mobiliza cerca de 12 milhões de pessoas só em São Paulo”, afirma Olga Simantob, coordenadora de aceleração do Impact Hub.

As 18 selecionadas são pequenas empresas da cadeia estendida da construção. Além dos segmentos de reforma e moradia, as empresas atuam também nos segmentos de destinação e tratamento de resíduos, eficiência energética, tratamento de água, espaços públicos, reciclagem, comunicação, legalização e crédito residencial. São elas: Programa Vivenda, EnGuia, Laminatus, Moradigna, Isobloco, Pwtech-Água Boa, Cooperativa Coletando, Outdoor Social, Nossa Casa, Erê Lab, SmartSíndico, Trashin, Firgun Tecnologia Social, Cooperativa Recifavela, Construfac – Faculdade da Construção Civil, ÁguaV Engenharia e Projetos, Módulo Sequência e Morada da Floresta Soluções Ecológicas. Metade das finalistas vem do ramo da construção e reformas, segmento seguido de coleta e destinação de resíduos, com 22% de participação.

Esse grupo ficará em aceleração até dezembro. Até lá, as empresas receberão mentoria, sob coordenação do Impact Hub. “Esses 18 negócios selecionados terão a oportunidade de adaptar e testar suas soluções, buscando ao final da aceleração, em maio de 2020, a validação de novos produtos e serviços com potencial de contribuição para a experiência do morar não somente no Jardim Ibirapuera, mas em tantas outras regiões periféricas com os mesmos desafios sociais”, explica Olga Simantob.

Em 2020, serão selecionados seis negócios para uma nova fase do programa. As finalistas receberão um aporte de R$ 10 mil reais cada (total de R$ 60 mil).

Como funciona o HousingPact

O HousingPact foi idealizado para ajudar a desenvolver um ecossistema saudável e que melhore a qualidade de vida de comunidades com moradias vulneráveis. Atualmente, mais de 12 milhões de pessoas vivem em comunidades vulneráveis, sendo que 89% deste total, cerca de 10,6 milhões, estão concentrados em grandes centros urbanos. Essa população é maior do que a de nove das dez capitais mais populosas do Brasil, como Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba, Recife, entre outras.

Dados indicam que 3,8 milhões de pessoas querem empreender e que, do total destes moradores, pelo menos, 3,4 milhões têm a intenção de investir na melhoria das suas moradias. Enquanto o déficit de moradias no Brasil chega a 6 milhões de domicílios, o número de habitações em condições vulneráveis é muito maior, próximo a 11 milhões. Os dados são do Censo IBGE, PNAD, IPEA e Data Favela.

“O HousingPact é um negócio de grande impacto social e foi criado para atender a necessidade da população que hoje vive em moradias inadequadas, e ainda enfrenta falta de infraestrutura. Estas condições agravam os problemas sociais, tornando-se um desafio para grandes cidades. Organizadas em rede, as empresas participantes acreditam na geração de valor no setor da habitação, a partir da inovação e lógica de um mercado justo e inclusivo, apoiando negócios para uma demanda desatendida”, esclarece Carla Duprat, diretora do Instituto InterCement.

Com este cenário, o objetivo do HousingPact é melhorar as habitações de comunidades e impactar positivamente na experiência de moradia dessa população. Adicionalmente, o projeto também tem capacidade de potencializar a cadeia estendida ligada ao setor da habitação que, eventualmente, já faz parte da própria comunidade.

O programa contribui ainda para fomentar e implementar o ODS 17 – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: Parcerias e Meios de Implementação; que faz parte de uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em setembro de 2015 composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030.