Green Mining: Rodrigo Oliveira e Leandro Metropolo. Fotos: Divulgação

A ClimateLaunchpad é a maior competição mundial de ideias de negócios verdes. As startups Green Mining e Adapta Group representarão o Brasil na Grande Final Global, que acontece nos dias 14 e 15 de novembro, em Amsterdã.

Pelo segundo ano consecutivo, o Instituto Climate Ventures se une em parceria com a ClimateLaunchpad para apoiar e mapear as ideias de negócios verdes no Brasil. A iniciativa tem como missão destravar o potencial de tecnologias limpas (cleantechs) de todo o mundo que tratem das mudanças climáticas. A Competição de Ideias de Negócios Verdes visa criar um palco para estas ideias. A ClimateLaunchpad é parte da EIT Climate-KIC.

Após vencerem a etapa local, as empresas brasileiras representam o Brasil na Competição Global de Ideias de Negócios Verdes, participando da grande final em Amsterdã, Holanda, nos dias 14 e 15 de novembro. As vencedoras, no Brasil, foram: Green Mining e Adapta Group, que ficaram respectivamente em 1o e 2o lugar, e Global Forest Bond, em terceiro. O Brasil, pelo segundo ano consecutivo, foi o país com o maior número de negócios nessa competição (155 inscritos). Dois representantes da Climate Ventures participarão da final: Ricardo Gravina, diretor, e Lucas Nieto, coordenador de projetos, que irá falar em um dos painéis sobre a participação expressiva dos brasileiros na competição.

Os três primeiros colocados da Competição Global de Ideias de Negócios Verdes receberão prêmios de €10,000, €5,000 ou €2,500, respectivamente. Já os integrantes do top 10 serão acelerados pela Climate-KIC.

A final terá transmissão ao vivo, a partir das 6h15 (horário de Brasília): https://globalfinal.climatelaunchpad.org/live/

A ClimateLaunchpad opera em mais de 50 países e tem como missão desbloquear o potencial de tecnologia limpa do mundo que trata das mudanças climáticas. A competição cria um palco para essas ideias. A organização lida com os impactos negativos das mudanças climáticas por meio de inovação e da invenção; acredita que investir em ideias e em empreendedores é o caminho a seguir. Um futuro verde e limpo, na visão da instituição, exige milhares de inovações que desafiam os modelos de negócios atuais. A ClimateLaunchpad é dirigida por uma equipe central, localizada na Holanda, apoiada por equipes nacionais que organizam a competição em cada país. Com parceiros em todo o mundo, a ClimateLaunchpad oferece treinamento, coaching e suporte.

Adapta Group: Daniele Cesano e Marco Curatela
Global Forest Bond: Eduardo Marson, Arthur Vilela Ferreira e Wilson Tomanik
Green Mining: com o conceito de mineração urbana, a empresa já coletou mais de 300 toneladas de vidro para reciclagem, evitando a emissão de mais de 50 toneladas de CO2

As empresas que representam o Brasil na competição global

1º lugar – Green Mining

Mais de 300 toneladas de vidro coletado e enviado para reciclagem, evitando a emissão de mais de 50 toneladas de CO2. Esses são os números da Green Mining, que não param de crescer. Só em garrafas, foram mais de 200 toneladas – o que equivale a mais de 33 toneladas de emissão de CO2 que foram evitadas (dados de 5 de agosto de 2019).

Para obter esse resultado, o trabalho funciona da seguinte maneira: um sistema mapeia, de acordo com dados de venda da indústria, onde estão os pontos de concentração de embalagens pós-consumo. Nesses locais, são instalados os Hubs, containers onde os coletores depositam os vidros recolhidos. Em seguida o material é enviado a usinas e empresas de reciclagem. A Green Mining atua em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, com o conceito de mineração urbana: o processo de localizar e recuperar elementos úteis de itens descartados para serem reaproveitados.

“Tinha consciência que a maior parte de recuperação de recicláveis no Brasil era realizada por mão de obra informal, sem direitos trabalhistas garantidos. Diante dessa realidade, decidi fazer isso, assinando a carteira de trabalho de ex-catadores”, conta Rodrigo Oliveira, presidente.

“Também estamos ampliando a variedade de materiais que enviamos para reciclagem. Uma das preocupações do nosso modelo de negócio é utilizar veículos não motorizados, como triciclos, para realizar as coletas evitando mais emissão de CO2. A meta é levar a Green Mining para outros países, ampliando nossos impactos sociais e de sustentabilidade”, afirma Oliveira.

2º lugar – Adapta Group / Programa Mais

O Programa Mais, do Adapta Group, tem como objetivo implementar práticas sustentáveis e resilientes aos efeitos das mudanças climáticas nos biomas e nas cadeias de valor agropecuárias mais diversas. Tudo isso incluindo agricultores familiares em cadeias produtivas estruturadas com resiliência climática, sustentabilidade e viabilidade econômica para todos os atores envolvidos. Hoje, o programa está disponível para clientes corporativos, instituições públicas e financeiras e organizações não governamentais.

“Em 2006, enxergamos grande potencial de trabalhar com os agricultores familiares do semiárido. Vimos que eram um recurso humano muito forte e poderoso, mas subestimado. Além disso, a mudança climática estava impactando a produção deles de forma significativa. A nossa ideia foi a de transformar um desafio em um negócio que poderia alcançar todos os 500 milhões de agricultores familiares do mundo que produzem 70% da nossa comida”, comenta Marco Curatela, diretor financeiro e de novos negócios do Adapta Group.

De acordo com Daniele Cesano, diretor-geral, participar da Competição Global de Ideias de Negócios Verdes está proporcionando uma visão diferente do negócio e da nossa percepção sobre ele. Ter assessores externos nos ajudando a sanar dúvidas, mostrando como melhorar nossa performance e visibilidade é de importância fundamental para fazer com que cresçamos. O nosso sonho é construir a principal empresa de inclusão produtiva do mundo e trabalhar nos cinco continentes com um modelo totalmente inovador de distribuição de lucro para dar muito mais valor a quem de fato produz nossa comida.”

3o lugar – Global Forest Bond

 A Global Forest Bond (GBF) tem como objetivo integrar, por meio de produtos financeiros, a economia global e a preservação dos ecossistemas. A GFB quer garantir que os serviços ambientais sejam devidamente incorporados à economia, por meio de títulos financeiros que remuneram as áreas de florestas. Dessa forma, essas áreas passam a gerar recursos financeiros para seus proprietários, sejam eles públicos ou privados, acabando com a pressão pelo desmatamento e remunerando de forma justa todos os atores das cadeias de produção.

Artur Villela Ferreira, senior partner da GBF, explica que os biomas nativos são grandes geradores de recursos naturais e utilizados por todos. Apesar disso, eles não são devidamente integrados à economia mundial: não existe pagamento por esses recursos, o que gera grande pressão para que essas áreas sejam desmatadas e florestas deem lugar a terras cultivadas.

A ideia da Global Forest Bond nasceu depois de mais de dez anos de pesquisa sobre como alinhar os incentivos econômicos para garantir a preservação dos ecossistemas, em especial das florestas tropicais brasileiras. “Uma vez que tínhamos uma metodologia com a qual estávamos confortáveis e que permite aos proprietários de terras com florestas preservadas serem remunerados pelo volume dos serviços ecossistêmicos prestados em suas áreas, criamos a Global Forest Bond para levar esse produto inovador ao mercado”, aponta Ferreira.

A Global Forest Bond entende que o problema do consumo excessivo de recursos naturais como água, carbono e biodiversidade, entre outros, é uma questão econômica: esses recursos são originados nos serviços ambientais prestados pelos biomas nativos, e hoje não são remunerados. Qualquer insumo que não tenha custo para o usuário será sobre-consumido. Esse problema é especialmente grave no Brasil, que tem a maior parte de suas emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento de florestas tropicais. A GFB tem como objetivo garantir que os serviços ambientais sejam devidamente incorporados à economia, por meio de títulos financeiros que remuneram as áreas de florestas. Dessa forma, as áreas de floresta passam a gerar recursos financeiros para seus proprietários, sejam eles públicos ou privados, acabando com a pressão pelo desmatamento.

“Participar da competição nos obrigou a pensar profundamente sobre nossa empresa, onde queremos chegar e quais os passos necessários para atingir os objetivos. A organização está amadurecendo muito nesses meses desde nossa inscrição na competição. Um segundo benefício é o reconhecimento por organizações como a Climate Launchpad, Climate Ventures e Climate-KIC. Ao falar com possíveis investidores, parceiros e clientes, ter passado por um crivo dessas entidades e estar entre as sete startups brasileiras escolhidas para a final nacional demonstra a seriedade e comprometimento da Global Forest Bond com o desenvolvimento de soluções verdadeiramente sustentáveis. Por fim, vale destacar que o contato direto com a organização da competição e com outros empreendedores diretamente ligados ao ecossistema de soluções de impacto socioambiental e climático nos permitiu uma validação crítica de nosso modelo de negócios e o fortalecimento de nossa rede”, conclui Ferreira.