Projeto Aqualuz leva água potável ao semiárido

Anna Luísa Beserra, CEO da SDW: água potável para milhares de famílias do semiárido. Fotos: Divulgação

A jovem baiana Anna Luísa Beserra criou um sistema simples, eficiente e barato para levar água potável às regiões semiáridas do país, o Aqualuz. A iniciativa foi premiada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e agora busca apoio para beneficiar cada vez mais famílias. O Instituto Vedacit apoiou a implantação de 10 unidades em Feira de Santana (BA).

A falta de água potável na região semiárida do país é um problema crônico que marca, principalmente, a Região Nordeste. A estudante Anna Luísa Beserra, junto com sua equipe, encontrou uma forma simples e eficaz para solucionar a questão e beneficiar milhares de famílias brasileiras. Primeira organização privada a investir diretamente no projeto, o Instituto Vedacit levou o Aqualuz a Feira de Santana (BA), em uma comunidade rural no distrito de Matinha, beneficiando 50 pessoas.

Premiado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Aqualuz é um dispositivo para desinfecção de água de cisterna de captação de água de chuva em zonas rurais, por meio da radiação solar. Anna teve a ideia inicial aos 15 anos, durante o Ensino Médio, aprimorou durante a faculdade de Biotecnologia na Universidade Federal da Bahia e, ao lado de colegas, fundou a startup de impacto socioambiental SDW (Safe Drinking Water For All), que desenvolve tecnologias hídricas para tratamento, monitoramento, avaliação ou distribuição da água.

Para o projeto virar realidade, Anna ingressou no Academic Working Capital, um programa de empreendedorismo universitário do Instituto TIM, recebeu mentoria e foi selecionada para o HackBrazil, evento brasileiro de tecnologia em Boston (EUA) que premia iniciativas empreendedoras. Concorrendo com 400 startups de tecnologia, o Aqualuz ficou em segundo lugar, sendo a única startup nordestina e a única com mulheres na final, recebendo a premiação de R$ 25 mil.

Em parceria com ONGs locais e com o dinheiro da premiação Anna já implantou o sistema em cinco estados: Bahia, Ceará, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A meta agora é implantá-lo em todas as regiões semiáridas do Brasil, América Latina, Ásia e África. Para ampliar o projeto, além de ONGs, a startup busca parcerias com empresas e órgãos governamentais.

“Água é vida, é a nossa riqueza, é o que move o mundo. Desde 2013, meu foco tem sido o desenvolvimento sustentável por meio do desenvolvimento de tecnologias inovadoras, com enfoque em biotecnologia. Atuo no setor de responsabilidade socioambiental e no desenvolvimento de startups e tecnologias para gestão hídrica e de resíduos sólidos”, explica Anna, CEO da SDW.

O Instituto Vedacit apoiou a implantação de 10 unidades do sistema na comunidade rural no distrito de Matinha, em Feira de Santana (BA), beneficiando 50 pessoas. “Para criarmos cidades do futuro é preciso pensar que sejam mais sustentáveis, por isso apoiar o Aqualuz é fundamental para buscarmos soluções inovadoras por meio de tecnologias que tornem as cidades lugares melhores para se viver”, afirma Luis Fernando Guggenberger, gerente de Inovação e Sustentabilidade da Vedacit. “É importante fortalecer o ecossistema de impacto para criar um campo fértil e saudável no Brasil para a busca de soluções para os nossos problemas socioambientais”, completa.

Aqualuz: dispositivo para desinfecção de água de cisterna de captação de água de chuva em zonas rurais, por meio da radiação solar

Como funciona

O Aqualuz é uma caixa de inox coberta por um vidro, um indicador que muda de cor quando a água está pronta, e uma tubulação ligada à cisterna, reservatório usado para armazenar água da chuva ou de caminhão-pipa. Hoje, mais de 1,2 milhão de famílias têm cisternas na região semiárida; são implantadas, em média, 8 mil unidades por ano pelo governo. A água armazenada passa por um filtro (que pode ser trocado anualmente por pedaços de pano de algodão), que retém as partículas sólidas. Depois, a água é armazenada na caixa de inox, onde ocorre a desinfecção, sem utilizar compostos químicos, apenas com a exposição à radiação solar para eliminar micro-organismos e impurezas. O sistema de monitoramento que muda de cor informa quando a água já está pronta para o consumo.

O Aqualuz filtra em média 30 litros de água por dia, com ciclos de filtragem que duram entre duas e quatro horas (considerando um dia ensolarado). A durabilidade é de cerca de 20 anos, com uma manutenção simples de limpeza com água e sabão mensal, troca do filtro anual, sem precisar de manutenção externa ou energia elétrica, ou seja, dando independência e acesso livre à água potável.

A eficácia é garantida por testes preliminares feitos em laboratório certificado, utilizando parâmetros do Ministério da Saúde, que mostram a redução em 99,9% da presença de bactérias de referência. O custo individual de cada equipamento é de R$ 500,00.

A meta é conseguir mais apoio para ampliar a atuação

Além da implantação, Anna faz o acompanhamento das famílias, monitorando dados de saúde, acesso a água e o impacto real no desenvolvimento diário dos beneficiados. As informações são reunidas em um relatório e entregue aos apoiadores do projeto. “Minha ideia foi desenvolver um sistema simples e eficiente, com custo baixo e boa durabilidade, para resolver a questão da água potável e ajudar a melhorar a qualidade de vida dos moradores do semiárido. A intenção é conseguir cada vez mais apoio para ampliar nossa atuação e melhorar a qualidade de vida do maior número possível de famílias”, conclui.

Formada em Biotecnologia pela UFBA,  Anna tem especialização em Liderança de Novos Empreendimentos pelo MIT, e é pós-graduanda em Sistemas de Gestão Integrada de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Sustentabilidade. Em 2015, criou a SDW, startup socioambiental com a missão de desenvolver tecnologias de água que mudam a vida, considerando os três pilares da sustentabilidade: ambiental, econômico e social. “A SDW é um projeto que começou pessoal, criado para transformar a vida das pessoas, mas que já assumiu proporções escalonáveis”, comenta Anna.

Seguindo seu propósito, continua a idealizar produtos na área de sustentabilidade ambiental. Além do Aqualuz (2013-2019), criou o Monitorágua (2016-2018), sistema para monitoramento da qualidade da água em tempo real do Aqualuz; o ECOFILTRO (2016-2019), filtro de redução de até 300 NTU constituído por fibras naturais encontradas na região do semiárido brasileiro; e o AIA (2018-Atual) biodigestor para uso em domicílios de centros urbanos.

O Instituto Vedacit faz a conexão entre os negócios da Vedacit e os investimentos sociais, com o objetivo de contribuir para a construção de Cidades do Futuro, incentivando o empoderamento da sociedade, a melhoria na qualidade de vida da população e a integração entre pessoas, moradias e espaços urbanos. Suas linhas de atuação estão divididas em: Cidades Criativas – com projetos culturais que proporcionem maior ocupação e interação com os espaços públicos, estimulando a reflexão e o protagonismo da população na solução dos problemas locais; Cidades Inteligentes – contribuindo na formação de jovens com alternativas de trabalho e empreendedorismo; e Cidades Sustentáveis – com investimentos em negócios sociais e projetos esportivos que promovam a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar.

O Instituto Vedacit é responsável pelo Portal Futuro das Cidades, criado para informar e estimular uma discussão diversa e construtiva sobre o amplo universo contemplado pelo conceito Cidade. Acesse www.futurodascidades.com.br.