Edbarg Barki (FGVcenn), Maure Pessanha (Artemisia) e DJ Bola (ANIP): à frente da Articuladora NIP

Em uma nova etapa de sua trajetória, a Aceleradora NIP, agora como  Articuladora NIP, irá intensificar a mobilização de atores estratégicos para consolidar o ecossistema de negócios de impacto na periferia e reforçar a construção de pontes dentro e fora das quebradas. O novo modelo de atuação da Articuladora NIP tem como base quatro grandes estratégias integradas, com o objetivo de garantir uma jornada mais consistente para os empreendedores que atuam com impacto na periferia de grandes cidades.

“A ANIP a partir de agora não será só um programa de aceleração, mas uma potência para criar condições reais de escala, produção e disseminação de conhecimento sobre o ecossistema de negócios de impacto da periferia”, afirma o empreendedor Marcelo Rocha, o DJ Bola, presidente-fundador da A Banca e um dos idealizadores da ANIP. A nova estratégia prevê o apoio integrado aos empreendedores, com base em quatro frentes: Mobilização e Inspiração NIP – Rodas de Conversa; Formação NIP, com base no Lab NIP; Geração de Conhecimento; e Novos Modelos Financeiros. “Queremos com essa estratégia desenvolver diferentes formas de atuar com empreendedoras e empreendedores das periferias da Grande São Paulo, Minas Gerais e Recife”, destaca DJ Bola.

Com a mudança na forma de atuação, a ser implementada no decorrer de 2020 e 2021, a nova ANIP avança em uma trajetória que começou no Jardim Ângela, distrito da zona sul paulistana, onde a periferia é mais conhecida como “quebrada”. Transferindo conhecimento adquirido nos eventos de hip-hop, a produtora cultural A Banca começou a apoiar pequenos negócios de empreendedores e empreendedoras. Assim nasceu a Aceleradora de Negócios de Impacto da Periferia (ANIP), com o apoio da Artemisia e do FGVcenn (Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios), que hoje permanecem unidos no desenvolvimento e implementação do novo ciclo.

Ao promover o debate sobre negócios de impacto na periferia, a ANIP se tornou referência nacional em empreendedorismo no Brasil. Agora a Articuladora NIP entra em cena com novas metas. “Entendemos que ainda é preciso desenvolver um ecossistema de negócios de impacto da periferia que não esteja ligado somente ao tradicional crescimento econômico, mas que compreenda as necessidades reais das empreendedoras e empreendedores, que tenha escala e gere um impacto mais profundo, respeitando as peculiaridades das periferias e ampliando as capilaridades regionais”, afirma DJ Bola.

Fabiana Ivo, coordenadora pedagógica da ANIP: “A escassez faz a periferia ser criativa e fortalece o empreendedorismo social”

Para Fabiana Ivo, coordenadora pedagógica da ANIP, a periferia é um local de inovação com um novo pensamento sobre negócios e não necessariamente uma repetição dos mesmos modelos existentes do lado de lá da ponte. ”Nosso tempo de aprendizagem e aprofundamento é diferente do ecossistema tradicional em função das lacunas do processo educacional, barreiras sociais e do racismo institucionalizado. Na periferia, as pessoas vivem outra realidade, em que falta tudo, oportunidades e acesso. A inovação nasce dessa realidade, do enorme potencial do empreendedor que precisa ser ouvido e respeitado. A escassez faz a periferia ser criativa e fortalece o empreendedorismo social”, diz Fabiana.

Entre as novidades da nova fase está o Lab NIP, programa de aceleração de curto prazo com metodologia da Artemisia. As inscrições, gratuitas, já estão abertas e vão até o dia 16 de março; podem ser feitas pelo site.

Estratégias integradas

O modelo de atuação da Articuladora NIP tem como base quatro grandes estratégias integradas. A meta é garantir uma jornada mais consistente para os empreendedores.

  1. Mobilização e Inspiração NIP – Rodas de Conversa

As Rodas de Conversa já estão acontecendo em diversas regiões do município de São Paulo. O objetivo é mobilizar empreendedores e interessados no tema de impacto social e debater perguntas como: Quais são os desafios de empreender na periferia? A meta é inspirar com uma forma diferente de fazer negócios.

  1. Formação NIP – Lab NIP

O Lab NIP será para até 30 negócios que estejam em um estágio mais inicial. A estrutura do Lab NIP é de dois dias de formação com seis semanas de intervalo, nos quais os negócios terão acesso a encontro com especialistas e trabalhos a serem realizados pelos empreendedoresAo final do Lab NIPseis negócios receberão um investimento de R$ 15 mil e acompanhamento especializado com o Empreende Aí, escola de negócios e também um negócio social. Ao final do Lab NIP seis negócios serão escolhidos para uma formação mais profunda, individualizada, e com um trabalho mais intenso de autoconhecimento. Durante o processo terão acesso a um curso online e acompanhamento presencial de seis meses.

​3. Geração de Conhecimento

O objetivo é estruturar o conhecimento acumulado ao longo de toda a jornada de forma que os aprendizados e modelos possam ser replicados.

​4. Novos Modelos Financeiros

Esta frente de atuação será trabalhada a partir da convivência e entendimento de qual é o melhor mecanismo financeiro para os negócios de impacto da periferia.

Revimos todo nosso processo e chegamos à conclusão de que a ANIP não é só um programa de aceleração que vai colaborar com o desenvolvimento. O que vamos ter agora é uma Articuladora de Negócios de Impacto na Periferia. Tudo mudou em função do aprendizado que tivemos nesses anos e que, para nós, é motivo de orgulho”, comenta Bola.

Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia, destaca que a mudança de posicionamento é resultado do entendimento de que ainda é preciso desenvolver as bases de um ecossistema de negócio de impacto nas periferias por meio de estratégias que não estejam associadas a uma única ação isolada. “A proposta é envolver, na atuação da ANIP, dimensões ancoradas na inspiração de novos empreendedores e empreendedoras nas periferias e no fortalecimento de quem já está atuando, dando suporte às reais necessidades desse público. É preciso apoiá-lo, por exemplo, no fortalecimento do capital humano e social, dar suporte financeiro, acesso a ferramentas e conhecimentos do universo de empreendedorismo de impacto. Tudo para criar pontes dentro e fora das periferias”, afirma a executiva.

Edgard Barki, coordenador do FGVcenn, ressalta que este movimento tem o objetivo de aprofundar o olhar para a periferia e aumentar o protagonismo local. “Queremos identificar e apoiar as inovações sociais que emergem das periferias e que podem contribuir com um olhar mais inclusivo para os negócios”, afirma, reforçando que é preciso ampliar a rede de apoio aos negócios para fortalecer essas inovações.

Segundo dados do PNUD, o Brasil é o 7º país mais desigual do mundo: 1% dos brasileiros ganha o equivalente ao restante da população. As periferias concentram grandes massas populacionais e problemas sociais complexos. Por outro lado, a periferia também é polo de inovação social, com empreendedores que criam soluções inspiradas pela necessidade e oportunidade. “Nas periferias existem negócios de impacto que dialogam com soluções que nascem da necessidade e da dor. As periferias são grandes complexos de inovação social de impacto positivo que vêm desbravando o contexto atual. Vamos construir mais pontes, conectar mais pessoas, fomentar essa discussão em diversos outros lugares, levar essa narrativa para todas as rodas de conversa”, conclui Bola.

A Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia conta com o apoio da Fundação ARYMAX, Fundação Tide Setubal, Fundação Via Varejo, Instituto Humanize e AZ Quest.