Impact Hub realiza debate sobre redução das desigualdades

Gil Scatena (Secretaria do Estado de São Paulo - Infraestrutura e Meio Ambiente), Maitê Lourenço (BlackRocks Startups), Ellen Chadna Carbonari (Semente Negócios) e Luciana Telles Brasil (Impact Hub São Paulo)

“Temos um longo caminho educacional, de inclusão e planejamento para encontrar soluções que minimizem as desigualdades sociais, seja no comportamento diário, nos negócios, no mercado corporativo e na atuação do poder público. Todos nós somos responsáveis por esta realidade.”

Com esta mensagem, Luciana Telles Brasil, diretora de Marketing do Impact Hub São Paulo, abriu mais um Impact Morning, evento mensal que promove um bate-papo descontraído a respeito de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU). No encontro de 27 de fevereiro foi a vez do ODS 10 – Redução das Desigualdades e a discussão concentrou-se nas soluções práticas para a minimização das desigualdades sociais em diversos âmbitos.

Foram convidadas algumas iniciativas que estão se destacando neste cenário como a Agência São Paulo de Desenvolvimento (ADE Sampa), a Semente Negócios, iniciativa que aposta na educação empreendedora; e a BlackRocks Startups, que tem a missão de aumentar a participação da população negra no ecossistema de inovação, tecnologia e startup. O encontro contou também com as participações de Gil Scatena, da Secretaria do Estado de São Paulo – Infraestrutura e Meio Ambiente, e de Marco Antonio Felix, da Assembleia Legislativa de São Paulo, além de vários profissionais interessados no assunto.

Meta ambiciosa

“A meta do ODS 10 é reduzir as desigualdades em 40% e essa é uma meta bastante ambiciosa. Indica o volume de pessoas que precisam ser inseridas no mercado de trabalho para serem socialmente ativas”, provocou Luciana.

Ellen Chadna Carbonari, da Semente Negócios, destacou os programas Vai Tec e Pense Grande, que estão estimulando o empreendedorismo e a geração de renda. “O Vai Tec entra em sua quarta edição e foi pensado para estar presente nas regiões com o menor índice de geração de emprego por habitante. Os 24 negócios periféricos selecionados na terceira edição – entre mais de 200 inscrições – tinham um recorte tecnológico e base inovadora. Cada um recebeu aporte financeiro e mentoria e dados preliminares apontam que metade dos empreendedores já consegue viver do rendimento dos seus negócios”, afirma Ellen.

A atuação do Pense Grande foi mais ampla – além da periferia de São Paulo, teve braços em Santarém (Pará) e no Vale do Jequitinhonha (MG), conhecido como uma das áreas mais desiguais do Brasil. “Em 2015, o Semente capacitou mais de 1.500 jovens em educação empreendedora que rendeu a criação de 120 negócios. Em 2016, foram 3 mil jovens e 260 negócios. Entre eles, uma plataforma para comercialização e venda do artesanato produzido por detentos. O negócio passou a gerar renda para os empreendedores do Vale e para os detentos”, explica Ellen.

Desenvolvimento de liderança, formação profissional e programa de aceleração são as frentes de atuação do BlackRocks, organização que estimula o empreendedorismo tecnológico e promove o crescimento econômico à população negra brasileira.

Oferecemos através de diversas ações o acesso da população negra ao ecossistema de inovação, tecnologia e startup, fomentando que todos os envolvidos tenham maior diversidade em suas ações.

Para Maitê Lourenço, da BlackRocks Startups, é importante discutir a questão de raças em todos os espaços e dedicar um olhar para a raça nas ações que estão sendo executadas. “A nossa organização faz esta provocação. A gente vem desenvolvendo iniciativas e fomentando o empreendedorismo social e de impacto, mas não discutimos a questão de raça nesse contexto. Por outro lado, a BlackRocks atua em várias vertentes, como programas de aceleração, tirando as ideias do papel; em treinamento e desenvolvimento de lideranças; e em consultoria para grandes empresas, tentando sensibilizá-las para esse processo”, explicou.

Articulação para o desenvolvimento

Gil Scatena falou sobre o mapeamento das áreas vulneráveis do Estado de São Paulo com o objetivo de criar um processo de desenvolvimento sustentável para a diminuição das desigualdades. “Precisamos olhar para o estado de São Paulo daqui a 20 anos. E, a partir daí dirigir os investimentos privado e público com base em um zoneamento ecológico econômico. Estamos falando de investimentos qualificados que ajudem a corrigir as desigualdades sociais. Investimentos que melhorem a condição social e que ajudem a conseguir um nível de desenvolvimento mais equânime”, explica Scatena.

Esse processo está em curso. Em 2018, foram realizadas rodadas de conversas regionais, que envolveram a sociedade civil, prefeituras, empreendedores, comércio, ONGs e Universidades. “Nós só vamos desenhar o futuro se fecharmos o olhar sobre o presente, identificar o que está ruim ou bom, parar para ver onde queremos chegar. Vamos promover uma nova rodada no meio do ano para conseguirmos avaliar os problemas reais de São Paulo. A próxima etapa será criar uma rede para mapear os investimentos sociais prioritários e apontar os que atraem renda, emprego, igualdade de gênero ou raça”, destacou o secretário

Na sequência, o debate abordou questões do envelhecimento, representatividade e diversidade nas empresas e nos órgãos de governo, a ausência de ações afirmativas.

“Precisamos entender esses mundos tão diferentes e educar o olhar. Gera impacto para, de fato, reduzir a desigualdade afirmou Luciana.

O evento contou ainda com a participação das iniciativas: BancadãoColetivo Meninas Mahin, GEP (participante do VaiTec) e Yunus&Youth.