Meta do Banco Maré é chegar a 60 mil usuários até o final do ano

Outras novidades são o lançamento de um cartão pré-pago com a bandeira MasterCard e a possibilidade de sacar o Bolsa Família

“Um banco simples para uma vida simples” – Com esse propósito, o analista de sistemas especializado em mídias digitais, Alexander Albuquerque fundou em 2016 o Banco Digital Maré, virtual, que oferece serviços financeiros para pessoas sem conta bancária.

A ideia surgiu quando o empreendedor visitou a comunidade da Maré, um complexo de 16 favelas à beira da Avenida Brasil, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde vivem cerca de 200 mil pessoas. Disposto a montar um curso profissionalizante de informática para jovens de 14 a 17 anos, Alexander ouviu de um líder comunitário que na região não havia nenhuma escola de ensino médio e agência bancária ou lotérica onde as pessoas pudessem pagar suas contas. Para isso elas precisavam ir até os bairros vizinhos, Bonsucesso, Olaria e Benfica, muitas vezes com dinheiro vivo, com risco de serem assaltadas.

Foi então que Alexander criou o Banco Maré, startup de impacto que oferece serviços bancários para regiões que normalmente não têm acesso ao sistema financeiro, esquecidas pelos grandes bancos. Além da Maré, o banco digital já faz parte da vida de moradores das favelas de Heliópolis, em São Paulo (SP), Estrutural, em Brasília (DF) e Arapiraca (Alagoas).

Moeda virtual e App

Palafita é o nome da moeda virtual do Banco Maré, referência às primeiras casas da região, construídas em cima de estacas. Para fazer uma transação, basta baixar o aplicativo gratuito do banco no smartphone. Em um dos seis postos espalhados pela Maré e outras comunidades, a pessoa converte reais em palafitas (cada real vale uma palafita) como uma recarga de celular. Em seguida, acessa o aplicativo e realiza suas operações bancárias.

“O Banco Maré tem oito mil usuários cadastrados no Complexo, que pagam as contas de todos os integrantes da família. Esse conjunto movimenta cerca de R$ 1 milhão por mês. Até o final de 2018, a meta é chegar a 60 mil usuários, em várias regiões do país”, explica Miguel Motta, analista financeiro do Banco Maré.

A importância da iniciativa tem como base o universo de 55 milhões de pessoas “desbancarizadas”, que movimentam R$ 665 bilhões por ano. “O Banco Maré permite que elas tenham acesso a serviços bancários, sem análises de crédito, consultas a cadastro de devedores e outras formas de exclusão financeira. “Nosso foco é o pagamento de contas, mas o usuário pode fazer compras no mercado local e fazer transferências. O número de pessoas que pagam as contas com multa diminuiu. Um cartão pré-pago do Banco Maré será lançado ainda no primeiro semestre, com a bandeira Mastercard, em parceria com as empresas Edenred e Minutrade. O cartão vai servir também para que os usuários possam sacar o bolsa família sem ter que sair do Complexo, como acontece hoje. Fizemos uma parceria com a Caixa e será possível tirar o benefício num dos pontos do banco na Maré, passando o valor para o cartão”, comenta Miguel.

Mais projetos estão em desenvolvimento: educação financeira em parceria com a Serasa Experian; uma escola técnica de programação; um polo de tecnologia, o Silício da Maré, com coworkings e um fundo de investimento que apoie startups locais. Os moradores vão desenvolver soluções para problemas de dentro e de fora da comunidade. A Maré quer se tornar referência e exportadora de inovação.

Empreendedores

  • Alexander Albuquerque CEO – analista de sistemas
  • Ronaldo de Albuquerque CMO – analista de sistemas
  • Benjamin Drouin CFO – economista
  • Vitor Kneipp CKO – advogado
  • Maer Salal, CSO – engenheiro de software

Conselheiros

  • Fabiano Mattos – Analista de Sistemas Financeiros – BNDES
  • Fabrício Pattená – Diretor Latam – Global Founders Capital
  • Lucas Mendes – Diretor da WeWork Brasil
  • Rodrigo Rodrigues – Desenvolvedor de Negócios – Mastercard
  • Hélder Galvão Advogado – Sócio Fundador da Nós 8
  • Manuel Pena – Fundador da GLOBL e da DIT Investments