Ativos de impacto sob gestão na América Latina somam US$ 4,7 bilhões

Desconsiderando as operações em microfinanças, os investimentos no período 2016-2017 concentraram-se no México (US$ 136 milhões, 92 operações) e no Brasil (US$ 131 milhões, 69 operações). No mesmo período, 55 investidores aportaram um valor total de US$ 1,4 bilhão em 860 investimentos na América Latina.

O total de ativos sob gestão alocado para investimentos de impacto na América Latina em 2016-2017 é estimado em US$ 4,7 bilhões, segundo a edição de 2018 do relatório Panorama do Setor Investimento de Impacto na América Latina, com base em pesquisa realizada pela Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE) e pela LAVCA, Associação para Capital Privado na América Latina. “Esta é a segunda vez a ANDE e a LAVCA se unem para produzir um relatório abrangente sobre o investimento de impacto em toda a América Latina.”

O relatório registra que, “nos dois anos desde a publicação anterior, muita coisa mudou tanto no investimento de impacto globalmente quanto no private equity e venture capital na região da América Latina. Pesquisas recentes sugerem que o mercado global de investimentos de impacto continuou a expandir e amadurecer, com aumentos no valor dos ativos sob gestão, número de negócios e o valor total investido a cada ano”.

Principais resultados

Veja os principais resultados da pesquisa, que utilizou dados fornecidos por 67 investidores (37% dos respondentes são gestores de fundos de private equity e venture capital, entre eles investidores que estão captando fundos de impacto dedicados para administrar em paralelo às suas estruturas de PE/VC existentes).

  • 55 investidores relataram ter feito investimentos em 2016-2017 na região, aportando um valor total de US$ 1,4 bilhão em 860 investimentos.
  • Os maiores setores para investimento foram microfinanças (US$782 milhões, 369 operações) e agricultura (US$ 300 milhões, 27 operações), representando juntos 75% do capital total investido.
  • O Peru foi o maior mercado para operações em instituições Micro Financeiras (MFI, na sigla em inglês),com US$ 155 milhões, seguido pelo Equador (US$ 101 milhões) e pela Nicarágua (US$ 89 milhões).
  • Os investimentos em MFI e agricultura foram dominados por alguns grandes investidores europeus, com investimentos predominantemente em economias menores ou menos desenvolvidas na região.
  • Desconsiderando as operações em MFI, os investimentos foram concentrados no México (US$ 136 milhões, 92 operações) e no Brasil (US$ 131 milhões, 69 operações).
  • O setor de tecnologia teve um foco importante, com Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) recebendo US$ 146 milhões. Uma parte considerável disso foi direcionada para oportunidades de fintechs, que receberam US$ 51 milhões em 26 operações.
  • 41% dos respondentes selecionaram a disponibilidade de capital como um dos principais desafios

Perspectivas para os próximos anos

  • Os respondentes esperam aumentar o capital disponível para o impacto na região em US$ 1 bilhão por ano em 2018 e 2019, seja por meio de novo capital arrecadado para estruturas defundos ou aumento de alocações para a região.
  • Entre os investidores que forneceram dados sobre investimentos realizados em 2016-2017 e expectativas para 2018-2019, 64% esperam investir em mais operações e 82% esperam aumentar o montante total investido nos próximos dois anos. Grandes gestores globais de private equity, como o TPG e o Partners Group, estão captando fundos dedicados a impacto. Com US$ 2 bilhões, o Rise Fund da TPG é o maior fundo de impacto já criado e fez seu primeiro investimento na América Latina em 2018.
  • Family offices latino-americanos e indivíduos de alta renda estão cada vez mais interessados em investimentos de impacto e explorando maneiras de investir em fundos ou diretamente em negócios por meio de redes de anjos.
  • Alguns fundos de impacto mais maduros no Brasil e no México começaram recentemente a ver suas primeiras saídas de investimentos de equity.

Metodologia

 Os dados utilizados neste estudo foram coletados por meio de questionário elaborado pela ANDE e pela LAVCA, e distribuído pela LAVCA entre fevereiro e maior de 2018. Os investidores de impacto foram definidos como aqueles que:

  • Investem diretamente em empresas e/ou projetos;
  • Têm impacto social ou ambiental positivo como um objetivo explícito;
  • Têm uma expectativa de retorno financeiro:
  • Investem usando qualquer instrumento, inclundo dívida, equity, quasi-equity, garantias ou outros.

Os critérios aplicados no relatório excluem deliberadamente determinados investimentos, focando em segmentos específicos do setor de investimentos de impacto. O financiamento de projetos como green bonds e investimentos diretos feitos por Instituições Financeiras de Desenvolvimento (DFI) foram excluídos deste estudo. Para mais detalhes baixe a íntegra do relatório.

Os investidores que participaram da pesquisa são diversos e incluem gestores de fundos de PE/VC, Family offices, fundações e organizações sem fins lucrativos. Embora as próprias instituições de microfinanças (MFIs) sejam excluídas da amostra, os gestores de fundos que investem em MFIs foram incluídos. Além dos dados completos da amostra, a pesquisa analisou uma subamostra de 28 investidores que forneceram dados de investimentos em 2014-15 e 2016-17.

Cenário macroeconômico regional

Nos dois anos desde a publicação da edição anterior, o PIB total da América Latina voltou a crescer modestos 0,9% em 2017. Esse indicador, segundo os autores, esconde diferenças sinificativas entre os países. Porém, apesar desse ambiente econômico desafiador e da volatilidade da moeda ter influenciado a captação de recursos dos fundos de private equity e venture capital, os investidores internacionais continuam a investir na região. O setor de venture capital , em particular, continuou a amadurecer, com o surgimento de empresas “unicórnio” na região e alguns destaques no setor de tecnologia.

O relatório destaca que “a necessidade e a oportunidade para investimento de impacto na América Latina permanecem claras: oito dos 20 países dos países do mundo com maior desigualdade de renda são da região. O gasto com saúde pública proporcional ao PIB é menos que a metade da média da OCDE. A urbanização rápida e não planejada criou desafios crônicos em termos de conectividade, mobilidade, acesso à moradia e saneamento, e gerenciamento de resíduos, entre outros. Os países da região precisam enfrentar esses e outros desafios de desenvolvimento, protegendo ao mesmo tempo alguns dos ecossistemas mais importantes e biologicamente diversos do planeta”.

Gráficos, tabelas e análises da pesquisa

Visão geral dos Investidores

 

 

 

 

 

 

Instrumentos Financeiros

Saídas

Mensuração de impacto

Desafios e expectativas