Ade Sampa impulsiona o empreendedorismo na periferia

O programa de aceleração Vai Tec – Acelerando Empreendedor@s da Quebrada, com inscrições abertas até 21 de abril – foi pensado para estar presente nas regiões com o menor índice de geração de emprego por habitante. É uma das vitrines da Agência São Paulo de Desenvolvimento – Ade Sampa, que tem como visão “ser protagonista no desenvolvimento do ecossistema empreendedor e no desenvolvimento local”.  

Na missão de “empreender para transformar, a Agência São Paulo de Desenvolvimento – Ade Sampa, entidade vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo, criada em 2013, atua nas frentes de geração de emprego e renda, desenvolvimento econômico local, fomento ao empreendedorismo, economia solidária, inovação tecnológica e redução das desigualdades regionais. Segundo estimativa da Ade Sampa, 40% das pessoas que moram na periferia desejam montar seu próprio negócio. A Ade Sampa procura qualificar esses empreendedores com workshops, oficinas, palestras e mentorias especializadas para os mais diferentes tipos de empreendimento para que eles possam gerar renda o mais rápido possível.

No portfólio da Ade Sampa estão vários programas alinhados à visão de “promover o desenvolvimento econômico sustentável da cidade de São Paulo, priorizando a geração e o fortalecimento de negócios por meio de soluções colaborativas, inovadoras e inclusivas que fomentem o desenvolvimento local e as vocações econômicas da cidade”.

Entre eles, estão o programa de aceleração Vai Tec – Valorização de Iniciativas Tecnológicas; a Fábrica de Negócios, que por meio de módulos de qualificação ajuda as pessoas que querem tirar a ideia do papel e valorizar o seu negócio; o Mais Mulheres, que incentiva o empoderamento feminino; o Negocia Sampa, que promove o protagonismo do pequeno empreendedor incentivando-o a se tornar fornecedor da administração direta e indireta pela BEC – Bolsa Eletrônica de Compras; e o TEIA,  espaço de trabalho compartilhado com toda a infraestrutura necessária para que empreendedores possam desenvolver suas empresas e projetos

Para empreendedores da quebrada de SP

O Vai Tec visa fortalecer o ecossistema do empreendedorismo nas periferias de São Paulo auxiliando jovens a criar, desenvolver, validar e impulsionar empreendimentos que promovam o desenvolvimento local e a geração de emprego e renda. Nessa 4ª edição, o investimento será de mais de R$ 1 milhão, sendo R$ 800 mil diretamente aos empreendedores e R$ 250 mil na realização das atividades que irão até dezembro de 2019. As inscrições se encerram no dia 21 de abril.

“O Vai Tec é regulamentado por uma lei específica, que prevê repasse de recursos de investimento semente para projetos periféricos que envolvem tecnologia em uma das pontas. Em 2018, virou um programa de aceleração e ganhou uma metodologia própria. Isso foi consequência do diagnóstico que apontou que só o investimento não era suficiente para o empreendedor desenvolver um negócio. Ele precisaria ter um direcionamento de como investir o recurso para que o projeto tivesse futuro”, explica o diretor-presidente da Ade Sampa, Frederico Celentano.

O programa de aceleração conta com as parcerias estratégicas da Aliança Empreendedora, da Fundação Telefônica Vivo, que forneceu a metodologia do Pense Grande, e do Semente Negócios, responsável pela cocriação de uma metodologia específica que atendesse às demandas dos empreendedores. A aplicação técnica fica a cargo de três organizações locais: Empreende Aí na zona sul, Emperifa na zona leste e APAJE na zona norte – distribuindo a capacidade de inovação e fortalecendo cada uma delas em seus respectivos territórios.

A proposta é selecionar 24 projetos inovadores das periferias de São Paulo, de acordo com critérios de avaliação do negócio: relevância do negócio para o território de origem; nível de conhecimento sobre o mercado consumidor (local e global); potenciais clientes, concorrentes e parceiros locais; e viabilidade técnica e econômica. Além disso, a seleção levará em conta a equipe: capacidade de execução técnica e gerencial; complementaridade entre as expertises; e diversidade entre proponentes de grupos minoritários. O grau de inovação também será considerado, incluindo comprovação de conhecimento e aplicabilidade no negócio. Cada projeto receberá o capital semente de R$ 33 mil.

A terceira edição, recém-concluída, recebeu 203 inscrições. Os negócios selecionados eram divididos entre as periferias da zona norte, sul e leste da capital paulistana. Alguns deles já eram conhecidos em seus territórios (como Boutique de KrioulaGastronomia PeriféricaClube da PretaLiteraRua e Jaubra), e já possuíam algum faturamento, mas apresentavam dificuldades para irem mais longe, tanto por limitações técnicas quanto por limitações financeiras. A programação incluiu oito oficinas com conteúdo focado no desenvolvimento dos negócios locais, três encontros gerais com todos os empreendedores para troca de conhecimentos e oferta de serviços, e 10 encontros individuais com cada negócio.

O foco principal das oficinas foi capacitar os empreendedores em gestão e aspectos técnicos do desenvolvimento de negócios como lógica de validação, testes de solução, testes de mercado, organização financeira e processo de vendas com conteúdo teórico e aplicação prática em cada negócio. Nas assessorias o objetivo foi dar orientação direcionada às necessidades particulares de cada um deles e mostrar como o conteúdo da oficina pode ser aplicado em cada negócio e contexto. Para gerar maior engajamento dos empreendedores, os negócios e atividades foram divididos com o objetivo de fortalecer as conexões locais e facilitar o acesso às atividades. As oficinas e assessorias foram realizadas nas regiões em que esses negócios estavam: na zona sul, nas instalações da Fábrica de Negócios do Jardim São Luís; na zona norte, na Fábrica de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha; e na zona leste, na Fatec Itaquera. “As oficinas incentivam debates, troca de ideias, dinâmicas em grupo e orientações para quem deseja ou já empreende, além de fomentar o comércio e geração de renda da comunidade”, comenta Celentano.

Entre os selecionados estavam negócios de moda, educação, meio ambiente, presentes criativos, RH, mobilidade urbana, segurança do trabalho, finanças, saúde, ecoturismo – alguns inclusive com inovação de produto. São negócios de impacto e tecnológicos, todos de empreendedores da própria comunidade, alguns já com equipes e gerando renda para si e para a comunidade em que estão inseridos. No total, foram 9 negócios da zona sul, 8 da zona leste e 7 da zona norte, sendo 33% do gênero feminino, 66% do gênero masculino, 32% identificados como brancos, 68% como negros (entre pretos e pardos), 75% com renda familiar de até 3 salários mínimos, 75% contando com a renda do empreendimento no orçamento familiar e 50% com o empreendimento como única fonte de renda familiar.

Quem pode vender para o governo?

Iniciativa conjunta da Ade Sampa, Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico e Trabalho e Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo – SEFAZ, o programa Negocia Sampa foi desenvolvido para incentivar o protagonismo do pequeno empreendedor, cooperativas e organismos sociais do Município de São Paulo, incentivando-os a se tornarem fornecedores da administração direta e indireta pela BEC – Bolsa Eletrônica de Compras. O objetivo é promover o desenvolvimento econômico sustentável e a educação empreendedora aliada à sensibilização de agentes da administração direta e indireta, gerando oportunidades de mercado para os beneficiados.

Para chegar até o público-alvo, formado por micro, pequenas e médias empresas, cooperativas de economia solidária e Organizações da Sociedade Civil e MEIs, a Ade Sampa montou uma programação de mutirões de qualificação e cadastro do programa nas zonas norte, sul e região central de SP.

Superação de dificuldades e desafios

Criado em Sampa é o nome do conjunto de projetos de Economia Criativa de Base Comunitária desenvolvidos pela Ade Sampa em parceria com o Conselho Britânico no Brasil, Fundo Newton e apoio do Fundo Zona Leste Sustentável.

A principal frente desse programa é o curso de Gestão Empreendedora para Negócios Criativos, que ajuda empreendedores a alavancar projetos já em andamento. A metodologia desenvolvida pela Nesta e The Studio auxilia o participante a visualizar as diversas etapas do negócio e a encontrar caminhos próprios para aplicar soluções que se ajustem às necessidades de gestão. Também são valorizados o trabalho em rede, em equipe e o compartilhamento de experiências e conhecimento. Durante a formação, os participantes têm acesso a ferramentas para encontrar seus próprios caminhos para necessidades de gestão.

O Programa Criado em Sampa já realizou formações em Parelheiros, Ermelino Matarazzo, Itaim Paulista. Atualmente, está com uma turma em andamento na zona norte. Há inscrições inclusive para atividades com refugiados.

TEIA – Espaços Colaborativos de Trabalho

Esse programa tem como objetivo a criação de coworkings públicos na periferia da cidade de São Paulo. Serão espaços de trabalho compartilhado com toda a infraestrutura necessária para que empreendedores possam desenvolver suas empresas e projetos. Além disso os espaços contarão com uma grande agenda de conteúdos (palestras, oficinas, etc) e irão fomentar a criação de redes locais de empreendedores.

O primeiro já está instalado na Biblioteca Pública Érico Veríssimo, que ocupa um prédio cedido pela Cohab Parada de Taipas, na zona norte, subprefeitura de Pirituba.

Desenvolvimento de ideias 

Com uma programação composta por workshops, oficinas, palestras e mentorias especializadas, a Fábrica de Negócios é voltada para os mais diferentes tipos de empreendedores.

Por meio de uma metodologia especialmente desenvolvida em colaboração com a Aliança Empreendedora, Ideais de Futuro, Sense Lab, Fundação Telefônica e ADE SAMPA, a Fábrica de Negócios tem como objetivo apoiar pessoas a desenvolverem suas ideias e testar empreendimentos inovadores das periferias de São Paulo, além de se conectarem com as potências e ativos existentes em seus territórios e assim identifificarem oportunidades de mercado para soluções inovadoras.

A primeira oficina, de ideação – “Tenho uma ideia. E agora?”, foi realizada em Taipas, na região noroeste de São Paulo, em fevereiro.  A segunda valida a ideia do projeto – “Teste o seu negócio pondo a mão na massa”.

Semana da Mulher
No mês de março, a Ade Sampa realizou uma programação extensa para homenagear o Dia da Mulher. Foram realizadas duas edições do Fábrica de Negócios – a primeira no CEU Jaguaré e a segunda, destinada a mulheres imigrantes e refugiadas, no Moblab do Centro. Com as orientações, as empreendedoras puderam explorar suas ideias com mais clareza, se conectarem com o seu território a fim de saberem os próximos passos para construírem soluções inovadoras.

Racatona Maratona Hacker de Mulheres / Reprograma – Com dois desafios: promover a autonomia financeira e a inserção no mercado de trabalho de mulheres em situação de violência doméstica e familiar; e a criação de uma plataforma de microcrédito.

Insperifa Mais Mulheres – Eventos realizados em todas as regiões da cidade entre os dias 11 e 26 de março, reunindo mulheres empreendedoras para compartilhar histórias inspiradoras e rodas de conversa. A agenda teve o objetivo de reforçar a importância da igualdade da mulher no mercado de trabalho e a geração de renda, seja por meio de uma atividade formal ou do empreendedorismo.