Sebrae amplia atuação para investir em pequenos negócios inovadores e de impacto

Heloisa Menezes, do Sebrae: “A temática de negócios de impacto é um eixo prioritário. O Sebrae se prepara para ter um olhar específico para esse segmento na sua política de investimentos” (Foto Divulgação)

Além da compra direta de ações e criação de fundos proprietários, a entidade irá fazer aportes no total de R$ 45 milhões em fundos que apliquem recursos neste tipo de empresa

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) terá R$ 45 milhões para investir em até cinco fundos de investimento que queiram participar do projeto “Capitalizando empresas inovadoras”. A iniciativa faz parte do novo escopo de atuação do Sebrae, que prevê também a participação acionária da entidade em pequenos negócios inovadores e a criação de fundos proprietários.

Pelas regras, os fundos já devem estar regularmente constituídos sob a forma de Fundo de Investimento em Participações – Capital Semente ou Multiestratégia ou Produção Econômica Intensiva em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (FIP-PD&I), conforme Instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A soma do patrimônio comprometido e do patrimônio líquido do fundo deverá ser de, no mínimo, R$ 50 milhões e o Sebrae participará como quotista, devendo seu recurso ser alocado integralmente nos pequenos negócios inovadores.

“Dessa forma, além do fomento a novas práticas pelas micro e pequenas empresas, o Sebrae passa a investir recursos em pequenos negócios inovadores. Estamos atuando de forma estratégica para garantir empresas mais competitivas. A iniciativa preenche um gap entre a necessidade de recursos por parte dos empreendedores e a disponibilidade da indústria de capital de risco”, explica Heloisa Menezes, diretora técnica do Sebrae.

Um dos maiores desafios para jovens empresas inovadoras é o acesso a capital. Pelo menos 40% das startups que fecharam as portas, nos últimos três anos, apontaram a dificuldade de acesso a capital como principal razão para essa decisão. Essa realidade ficou evidente na pesquisa feita com empresas do programa InovAtiva Brasil, a maior plataforma brasileira de pré-aceleração de startups.

A pesquisa ouviu 1.044 empresas, em dezembro passado, principalmente startups de tecnologia da informação e da comunicação (31%), desenvolvimento de software (21%) e serviços (18%).  Dessas empresas, 30% informaram a decisão de fechar as portas. O levantamento foi realizado pelo Sebrae e Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), parceiros no InovAtiva Brasil.

Momento de transformação

Ao abrir o painel “Iniciativas do Ecossistema”, no Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, realizado em São Paulo (SP), na primeira semana de junho, Heloisa Menezes fundamentou o novo escopo de atuação. “O Sebrae está em um momento de transformação, reposicionando-se para implementar uma estratégia de transformação digital, firmando até um novo propósito. Acreditamos que o empreendedorismo transforma as pessoas e pode mudar uma nação”, afirmou durante o evento.

A diretora adiantou ainda que a organização se prepara para atuar com uma nova visão, a de uma empresa “plataformizada”, integrando iniciativas, oportunidades e soluções digitais. “Na estratégia do Sebrae, a temática de negócios de impacto é um eixo prioritário. O Sebrae se prepara para ter um olhar específico para esse segmento na sua política de investimentos. A meta é integrar todas as iniciativas de apoio ao ecossistema, agora também com investimento. A novidade vem se juntar ao conjunto de ações de fomento à inovação, capacitação e educação. Temos certeza de que não se transforma nada, ainda mais em um país tão grande e tão complexo, sozinhos. O Sebrae é um ator que se soma a essa corrente para impulsionar o ecossistema”, afirmou Heloisa.

Capacitação interna para disseminar a temática de impacto

A diretora destacou ainda a atuação do sistema Sebrae para disseminar a temática e ajudar o ecossistema a funcionar bem. “Tudo começa pela educação. O Sebrae desenvolve um forte trabalho de capacitação interna. Com ajuda do ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), trouxemos esse conhecimento e esse olhar para nossas equipes. São 6 mil pessoas com potencial de alavancar o conceito e as estratégias de negócios de impacto, espalhadas pelo Brasil, com uma capilaridade enorme. Temos, portanto um ecossistema Sebrae com potencial para difundir iniciativas e transformá-las em ação”, afirmou Heloisa.

Demonstrar resultados é a segunda ação forte do Sebrae. “Quando se tem negócios que transformam realidades e se consegue demonstrar as mudanças reais, a atuação do Sebrae ressoa no ecossistema como um todo, amplificando as vozes de nossas parcerias, que vão inspirar novos modelos de negócios e novas formas de atuar. Com isso, o ecossistema sai fortalecido e todo mundo ganha”, destacou.

Apoiar o ambiente de negócios é outra frente de atuação do Sebrae. Com a Enimpacto (Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto), divulgada em 2017, pela Secretaria de Inovação e Novos Negócios (SIN) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), coube ao Sebrae o papel de ator relevante no diálogo para melhoria e aperfeiçoamento do ambiente de negócios. “Uma iniciativa recente foi a inclusão na lei da pequena empresa do artigo sobre investidor-anjo que cria mais segurança jurídica para o investidor. Agora precisamos dar mais um passo na luta pela melhoria das condições de tributação para o investidor-anjo”, disse Heloisa.

O Sebrae também atua como articulador na mobilização de várias iniciativas do ecossistema, com startups que trabalham com propósito de impacto ou não. Para essa frente, o Sebrae mobiliza mentores, aceleradoras, incubadoras e investidores. “Apoiamos ao longo do ano, em todo o país, inúmeras iniciativas e eventos, de pequeno porte no norte do país até os grandes, como o Campus Party, Fórum das Águas. Buscamos direcionar as iniciativas sob um olhar de impacto”, ressalta a diretora.