Banco Pérola celebra 10 anos beneficiando empreendedores da região de Sorocaba

Crédito produtivo orientado beneficia pequenos empreendedores. Fotos: Divulgação

Um local de apoio ao empreendedorismo, um espaço onde as pessoas chegam buscando oportunidade e conseguem crédito para realizar seus sonhos. O  Banco Pérola completa 10 anos em outubro beneficiando mais de 3 mil pequenos empreendedores com empréstimos de R$ 25 milhões.

Criado em 2009, o Banco Pérola nasceu de um sonho de Alessandra França. Filha de pequenos agricultores, estudante de marketing e empreendedora social, Alessandra inspirou-se no livro de Muhammad Yunus, “O Banqueiro dos Pobres”, para desenvolver um banco de microcrédito orientado no interior de São Paulo. O objetivo era levar crédito para pessoas excluídas do sistema financeiro tradicional que queriam montar o próprio negócio e precisavam, além do recurso em si, de apoio e educação.

Alessandra França, fundadora do Banco Pérola: uma articuladora de ações de transformação social que usa como ferramenta o dinheiro

Ao longo de 10 anos de trajetória, foram beneficiadas mais de 3 mil pessoas, principalmente pequenos empreendedores da região de Sorocaba, interior do estado de São Paulo. O Banco Pérola emprestou um total de R$ 25 milhões, registrando uma inadimplência média de 2,5%.

“Nós não fazemos distinção entre os empreendedores que nos procuram.  Apesar de Sorocaba ser uma cidade que tem bastante recurso e ter uma parte bastante nobre, um dos melhores IDHs do país, também tem muita gente que precisa de apoio, que perdeu o emprego na crise. A cidade tem cerca de 700 mil habitantes, mas a região metropolitana atinge 1,5 milhão de habitantes. Tem muita gente que precisa, assim como no restante do país. Aqui temos mais oportunidade e, lógico, mais oportunidade também para empreender”,  afirma Alessandra.

Crédito Produtivo Orientado

O Banco Pérola atua no Crédito Produtivo Orientado, uma modalidade destinada exclusivamente para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de atividade produtiva, ou seja, para o empreendedor investir no seu negócio. Além de conceder o recurso, o Banco Pérola orienta o tomador do empréstimo para que faça as melhores escolhas em relação a taxa, prazo e aplicação do dinheiro.


O Banco Pérola se transformou num local de apoio ao empreendedorismo. Construí um espaço onde as pessoas chegam buscando oportunidade e conseguem crédito para realizar seus sonhos. Isso me faz muito feliz.”

Alessandra França, fundadora do Banco Pérola.


 

“O nosso processo é mais próximo. Não temos participação nos negócios e não nos tornamos sócios dos empreendedores. Nesses 10 anos uma coisa que aprendemos, e que é muito importante, é oferecer um ombro amigo, mais do que técnico. Nós acompanhamos a evolução do negócio e podemos dar dicas de gestão, mas não técnicas. Ficamos  muito próximos do cliente, mas em uma distância segura, porque o negócio é dele. É importante existir essa diferenciação, do que é dele e do que é nosso. Mesmo dos clientes que tiveram inadimplência, nós nunca tivemos nenhum tipo de processo, nem reclamação. Para mim, isso é uma vitória”, comemora Alessandra.

 #BancoPérolaRumoAos10Anos

A fundadora do Banco Pérola teve o primeiro contato com o trabalho de Yunus em 2002, quando tinha 16 anos, por meio do livro “Banqueiro dos Pobres”, escrito pelo economista. “O que mais me inspirou nele foi o fato de fazer muito com pouco recurso, e ajudar as pessoas a melhorarem de vida”, diz ela.Para abrir a ONG, França inscreveu o projeto em um programa da Artemisia, aceleradora de negócios sociais. A empresária concorreu com 200 projetos e ficou entre os cinco finalistas, que receberam um prêmio de R$ 40 mil, além de uma consultoria de dois anos para desenvolver o negócio. O valor do prêmio – R$ 40 mil – foi todo aplicado na ONG.

Em 2014, o Banco Pérola deixa de ser uma ONG para se transformar em um negócio social. Frente à necessidade de garantir a sustentabilidade do projeto, Alessandra conseguiu reunir parceiros que aprovaram um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios na CVM, órgão do Banco Central que regula operações financeiras.

“O Banco Pérola era um nome fantasia de uma associação de crédito, que não podia fazer captação pública. Com a criação do fundo, resolvemos o desafio de funding para financiamentos. O FIDC é um fundo de investimentos em direitos creditórios, que faz a conexão dos investidores com os empreendedores. Em 2014, conseguimos convencer muita gente e aprovar a criação desse fundo, que nos deu acesso ao mercado de capitais”, diz Alessandra.

Por essa iniciativa, Alessandra recebeu o prêmio Jovem Destaque de 2017 da ANEFAC, Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, há 50 anos um dos órgãos mais respeitados do Brasil. “Esse foi o reconhecimento, que mais me emocionou. Eu não sou da área de finanças. Minha formação é marketing, depois fiz MBA em gestão de pessoas e o interesse em finanças veio depois. Ganhar um prêmio de profissional do ano da categoria de finanças foi bem emocionante”, conta.


“As pessoas costumam me chamar de banqueira, mas eu não me considero como uma banqueira e também não me intitulo desta forma. Me vejo muito mais como uma articuladora de ações de transformação social que usa como ferramenta o dinheiro”.

Alessandra França


O Pérola FIDC se tornou realidade e serve até hoje ao propósito de unir pequenos empreendedores a investidores que buscam um resultado de mercado em suas aplicações e vontade de contribuir com ações emprego e renda no Brasil, que fazem a economia girar.

“Depois da crise de 2014, optamos por apoiar negócios que já estão em andamento. Comércio, serviços e pequenas indústrias de brinquedos, oficinas de pequenas manutenções. O Pérola FIDC se adequa melhor a empresas mais estabelecidas, já que é uma ferramenta robusta, que disponibiliza muita tecnologia e rapidez. Para voltar a atender negócios em estágio inicial, geralmente em situação mais vulnerável, que necessitam de créditos menores, desenvolvemos mais um projeto: o Pérola Fundo Patrimonial capta empréstimos de investidores dispostos a receber uma rentabilidade menor do que o FIDC, em troca da oportunidade de gerar maior impacto social”, explica Alessandra.

O Pérola domina o segmento de microcrédito na região. “Seria ilusão pensar que não temos concorrência. Existe um mercado informal e até a agiotagem. Então não temos concorrência no crédito barato, mas sim no crédito mais caro. Às vezes, o empreendedor está com pressa e acaba pegando um crédito mais caro. Nosso processo de análise é um pouco diferente, queremos conhecer o empreendedor, o negócio que ele está planejando e saber como ele vai usar o dinheiro”, conclui Alessandra