60% dos empreendedores da periferia não conseguem vaga em processo de aceleração

Organizações do ecossistema de empreendedorismo de impacto lançaram a publicação Estudo sobre Empreendedorismo da Periferia de São Paulo, que tem o objetivo de entender o cenário do empreendedorismo nas periferias paulistanas. O estudo contou com a participação de mais de 80 empreendedores e avaliou as redes de apoio, os processos de aceleração, incubação e capacitação, e os mecanismos financeiros com os quais é possível contar. Para ver a íntegra do estudo, acesse aqui.

Realizado pelo Quintessa, Escola de Negócios da Periferia para Periferia Empreende Aí, Agência São Paulo de Desenvolvimento Adesampa e Pipe.Social, e patrocínio da Samsung, o levantamento pesquisou a forma como estes empreendedores têm acessado a chamada “rede de apoio” ou “intermediários”, que são os programas de aceleração, de incubação, de capacitação, acesso a recurso financeiro, contatos e outros.

A pesquisa se dedicou a compreender o perfil destes empreendedores e seus negócios, o cenário da rede de apoio existente, demandas atendidas e não atendidas e por fim, reconhecer oportunidades para fomentar esse ecossistema. O ponto de partida foi o 2o Mapa de Negócios de Impacto 2019, realizado pela Pipe.Social, que já tinha revelado um cenário de alta demanda em que 50% dos mil negócios de impacto no Brasil ainda não conseguiam ingressar em uma aceleradora – mas, esse parece ser um desafio ainda maior para os negócios na periferia paulistana. O estudo revela que 6 em cada 10 empreendedores da periferia já buscaram aceleração sem conseguir vaga. O mesmo número de negócios diz estar captando investimento, mas grande parte ainda depende de doações.

“Desenvolver políticas públicas para empreendedores da periferia é uma forma de movimentar a economia local, mas também de combater a desigualdade e ampliar as oportunidades nessas regiões”, destaca a secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Aline Cardoso. “Com o Vai Tec, a Prefeitura de São Paulo já impulsionou cerca de 200 negócios de jovens que participaram do Programa”, complementa.

Além de ouvir mais de 80 de empreendedores, o estudo abriu um processo de escuta com 15 organizações que os apoiam nos territórios periféricos e 12 patrocinadoras de projetos cujos objetivos se relacionam ao tema, compreendendo assim como se posicionam no mercado, principais objetivos, como vêm agregando valor para esses projetos e quais os desafios de apoiar negócios com esse perfil.

Todo o processo de escuta foi conduzido por Quintessa e Empreende Aí e contou com a colaboração de Agência Solano Trindade, Rede Nois por Nois, Macambira, Empreende Tiradentes e APAGE como cocriadores das bases das entrevistas e análises desenvolvidas ao longo do estudo.

O estudo aponta um cenário empreendedor ainda nascente, com empresas lideradas por maioria feminina, voltadas a solucionar problemas locais. As ajudas mais urgentes consideradas necessárias estão nas áreas de vendas e desenvolvimento de equipe. Entre os negócios mapeados, 39% são formados por apenas uma pessoa e a maioria tem menos de dois anos de existência; as principais áreas de atuação são educação e saúde; 70% são formalizados, sendo que as MEIs representam 38%; 77% têm fins lucrativos.


49% dos negócios mapeados na periferia estão no chamado “vale da morte”


Outro dado importante é que 49% dos negócios mapeados estão no vale da morte, ou seja, não conseguiram atingir o ponto de equilíbrio – tudo que entra no caixa não é suficiente para cobrir custos e despesas. A necessidade de recursos é grande e 8 em cada 10 empreendedores já investiram dinheiro do próprio bolso no negócio e 6 em cada 10 estão captando. A busca é principalmente por captação semente – 54% buscam até R$ 500 mil, sendo 33% até R$ 50 mil.

As doações são o principal mecanismo financeiro de sobrevivência dos negócios, um modelo de recurso muito presente em projetos sociais e iniciativas na periferia. Em comparação ao 2o Mapa de Negócios de Impacto 2019, enquanto 60% dos negócios de impacto que captaram algum recurso financeiro mencionam as doações, na periferia esse índice vai para 79%.

Por outro lado, enquanto 75% dos negócios de impacto no Brasil declaram utilizar algum tipo de tecnologia – seja na solução ou otimização de processos internos – esse número cai para 57% entre os negócios da periferia de SP, revelando acesso menor à tecnologia.

Há uma alta demanda ainda não suprida por programas de aceleração que apoiem o desenvolvimento do negócio. Os poucos que acessaram algum programa dizem-se satisfeitos e percebem seu impacto positivo na evolução da empresa, bem como no seu próprio perfil empreendedor. Há baixa visão de futuro, talvez por ainda estarem batalhando por colocar o negócio de pé.

A Samsung trabalha projetos de Responsabilidade Social no Brasil há mais de dez anos e aposta na tecnologia como agente acelerador do potencial humano por meio da visão global da área de Cidadania Corporativa da companhia – “Together for Tomorrow! Enabling People”.

“O estudo apoia a compreensão do ecossistema do empreendedorismo de negócios de periferia e ajuda a identificar desafios e demandas e a potencializar novos negócios Existem muitos talentos, criatividade e inovação nas periferias que podem impactar positivamente e fazer a diferença na sociedade. Estamos confiantes na contribuição que este estudo possa gerar”, ressalta Isabel Costa, Gerente de Cidadania Corporativa da Samsung Brasil.

O Estudo sobre Empreendedorismo da Periferia de São Paulo pode ser baixado neste link: bit.ly/estudo-periferia.