ONG Banco de Alimentos completa 23 anos e lança a campanha O Brasil que come alimenta o que tem fome

Luciana Chinaglia Quintão, fundadora e presidente da ONG Banco de Alimentos

Há 23 anos na batalha diária contra a fome e o desperdício de alimentos no Brasil, a ONG Banco de Alimentos lança uma ampla campanha para captar R$ 1 milhão em doações para os mais atingidos pela crise da pandemia e amplia a sua atuação para conscientizar cada vez mais a sociedade para a importância da ação coletiva na construção da justiça social.

Para doar, acesse https://bancodealimentos.colabore.org/

Quando tenho comida, eu tenho só arroz e feijão no máximo. Já tem meses que eu não compro carne. Nem ovo eu tenho condição de comprar. Sabe o que é chorar para o gás não acabar? Eu rezo todos os dias para o gás não acabar. Se acabar, como vou fazer para comprar um gás que custa mais de 100 reais se eu não tenho dinheiro nem para comida?.”

O depoimento é de Gláucia Beatriz, 26 anos, mãe de duas meninas de 7 e 4 anos, que mora em Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo. Ela é uma pessoa, entre 116 milhões, que sofrem de insegurança alimentar no Brasil; uma pessoa, entre 19 milhões de brasileiros que passam fome.

Há 23 anos a ONG Banco de Alimentos trabalha para fazer com que a história de pessoas como Gláucia seja diferente – uma batalha diária e constante, contra a fome e o desperdício de alimentos no Brasil. Gláucia sobrevive graças a doações como as feitas pela Associação de Mães e Amigos de Crianças e Adolescentes em Risco (Amar), instituição atendida pela ONG Banco de Alimentos, que integra uma rede colaborativa de mais de 300 entidades sociais parceiras beneficiadas pela doação de alimentos da organização. Em 2020, a ONG Banco de Alimentos entregou alimentos a 1,5 milhão de pessoas em situação de vulnerabilidade; e entre abril de 2020 e março de 2021, em ação de ajuda humanitária durante a pandemia, distribuiu o total de 5.261.652 de quilos de alimentos, via Colheita Urbana, cestas básicas e cartões/cestas digitais.

Com o país cada vez mais dividido entre os que comem e os que sentem fome, a ONG Banco de Alimentos, ao completar 23 anos, está lançando a campanha “O Brasil que come alimenta o que tem fome” (bancodealimentos.colabore.org), para arrecadar R$ 1 milhão e reforçar a entrega de cestas de alimentos e cartões alimentação aos mais atingidos pela crise da pandemia. No vídeo da campanha, divulgado nas redes sociais (https://www.facebook.com/bancodealimentos/videos/330791338387520), a ONG destaca: “As ruas precisam ficar vazias. As geladeiras não. Ajude a alimentar pessoas sem renda. Faça sua doação para o Banco de Alimentos Associação Civil. Há 23 anos atuamos contra a fome e o desperdício de alimentos. Vamos juntos entregar cestas básicas a quem precisa. bancodealimentos.colabore.org.”

“A fome sempre foi um problema grave no Brasil mas agora a situação piorou muito. Antes da pandemia, havia 57 milhões de pessoas vivendo em insegurança alimentar no país; no pós-pandemia, são cerca de 117 milhões de pessoas, sendo que 19 milhões passam fome, o que revela a urgência da mobilização. Modelos de desenvolvimento que beneficiam apenas uns, em detrimento de outros, não se sustentam mais. É preciso acabar com o descalabro da gestão pública, exigir a melhor gestão dos recursos econômicos e mobilizar a inteligência social das pessoas para que possamos, juntos, construir um futuro melhor para todos, que atenda às várias fomes do país, não só de alimentos mas de saúde, educação e justiça social”, afirma Luciana Chinaglia Quintão, fundadora e presidente da ONG Banco de Alimentos.

Economista, Luciana nasceu no Rio de Janeiro, na Gávea, região vizinha à favela da Rocinha. Inconformada com os contrastes e com as desigualdades que desde cedo via à sua volta, decidiu se dedicar a um novo projeto de vida e criou, em 1998, a ONG Banco de Alimentos, acreditando que são “as escolhas individuais, que vão se tornar nossas escolhas coletivas, que constroem a realidade à nossa volta”.

Hoje, com 23 anos de atividades, a ONG avança ainda mais na batalha contra a fome e o desperdício de alimentos, em várias frentes. Além da ampla campanha de arrecadação de R$ 1 milhão para reforçar as doações necessárias à compra e distribuição de alimentos para as pessoas mais vulneráveis, há outras ações:

  • reforço à a comunicação com a criação de um selo e de um filme institucional;
  • lançamento de um novo site com o objetivo de ampliar a sua visibilidade e conquistar ainda mais parceiros comprometidos em doar;
  • lançamento de um novo filme institucional;
  • ampliação da atuação para abrir novas frentes capazes de conscientizar cada vez mais a sociedade em geral, com o objetivo de aprofundar o debate e a reflexão sobre as várias “fomes” e sobre a importância da ação coletiva para mudar a realidade.

O novo vídeo institucional, com imagens históricas e atuais, destaca que o Brasil joga fora hoje 27 milhões de toneladas de comida por ano. São portanto dois países: um Brasil onde a fome é um problema de sobrevivência e outro onde a fome é uma questão de consciência. A ONG Banco de Alimentos surgiu para diminuir a distância entre estes dois países, entre o que sobra e o que falta, alimentando, educando e transformando a vida de muita gente. Para assistir ao vídeo, acesse: https://drive.google.com/file/d/19750bWPme631m3VkghVvsyMsbx_ysouz/view

“O problema da fome nunca foi tão grande como hoje. Por isso, é preciso mais. Mais trabalho, mais comida. A fome dói, exclui, mata e constitui-se em um abuso social. Sempre entendi a fome como metáfora para todo tipo de carência. Temos fome de comida, de justiça, de amor, de transporte, de moradia e de educação. Tem fome, portanto, quem é privado de algo, inclusive de seus direitos sociais. Acredito que o caminho para mudar esta realidade é possível quando a inteligência coletiva está presente e atuante, como destaco no livro Inteligência Social – a perspectiva de um mundo sem fome(s)”, afirma Luciana.

Mobilização em prol da ajuda humanitária durante a Covid-19

Desde o início de suas atividades, a ONG Banco de Alimentos realiza o trabalho que denomina de Colheita Urbana – busca alimentos onde sobra e leva onde falta, para reduzir o desperdício na indústria e no comércio e distribuir o excedente para instituições sociais, minimizando os efeitos da fome e possibilitando a complementação alimentar de qualidade para mais de 20 mil pessoas, todos os dias, em 43 instituições assistidas.

A partir de março de 2020, a organização ampliou a sua atuação em razão da Covid-19. Na certeza de que alimento é vida e a fome não pode esperar, a ONG Banco de Alimentos decidiu agir rapidamente para levar alimentos aos mais atingidos pela crise. Além do trabalho de Colheita Urbana, passou a entregar cestas básicas e cartões de alimentação, criando uma logística capaz de atender a mais de 200 comunidades carentes na cidade de São Paulo e região metropolitana. Trezentas entidades sociais, coletivos e agrupamentos foram cadastrados, em um intenso trabalho de mobilização, para que fosse possível fazer a distribuição de cestas básicas e cartões vale-alimentação às comunidades mais atingidas. Para que essa ponte fosse eficaz, toda a logística foi reforçada: um galpão foi alugado para o armazenamento dos alimentos e foi preciso trazer mais gente e mais veículos de transporte.

A ONG Banco de Alimentos chega aos 23 anos em meio à nova onda da pandemia, momento em que o quadro da fome se agrava ainda mais. Por esta razão, a meta é continuar com a missão abraçada ao longo de todos estes anos, ampliar a atuação e reforçar as articulações e a formação de redes para fazer com que o alimento possa chegar mais rápido à mesa daqueles que mais precisam.

Experiência e prática como fonte de inspiração

Como instituição de referência no combate à fome, a ONG Banco de Alimentos acredita que a experiência e a prática da organização podem trazer conscientização e inspiração para a ação de outras instituições, mostrando a força que a sociedade civil tem para contribuir para a justiça social e apontar caminhos a serem seguidos. “Estima-se que apenas na cidade de São Paulo seriam necessários 100 bancos de alimentos para combater a insegurança alimentar. Imagine no Brasil inteiro”, afirma Luciana. Pensando no alcance da formação de redes pela sociedade civil, a ONG está sempre pronta a passar a sua tecnologia para outros protagonistas que queiram abrir bancos de alimentos em seus municípios. Essa tecnologia conquistada ao longo dos anos envolve também o combate ao desperdício de alimentos.

Desde a sua criação – e mesmo em meio às dificuldades impostas pela pandemia – a ONG Banco de Alimentos mantém a sua atuação em outras frentes consideradas essenciais. Uma delas é a Educação Nutricional, que ensina a manipulação e o preparo adequado dos alimentos, sempre visando a sua utilização integral, a redução do desperdício e o aumento do valor nutricional das refeições, contribuindo concretamente para a melhoria da saúde das pessoas atendidas. Oficinas culinárias são desenvolvidas para colaboradores das instituições sociais para a disseminação de receitas com aproveitamento integral dos alimentos.

Outra frente está na Conscientização, com ações como a realização de palestras e workshops com temas relacionados à alimentação saudável, nutrição, aproveitamento integral dos alimentos e indicadores sociais e de desperdício. As ações desenvolvidas na frente Conscientização buscam alcançar a sustentabilidade por meio de mudanças socioculturais, bem como realizar a ponte entre os dois Brasis: o Brasil que passa fome e o Brasil que desperdiça alimentos todos os dias.

Sobre a ONG Banco de Alimentos

Criada em 1998, em São Paulo, por iniciativa da economista Luciana Chinaglia Quintão, a ONG Banco de Alimentos surgiu para diminuir a distância entre dois países: o Brasil onde a fome é um problema de sobrevivência e o Brasil onde a fome é uma questão de consciência. Diminuir a distância entre o que sobra e o que falta. É uma iniciativa pioneira, no âmbito da sociedade civil, no combate à fome e ao desperdício de alimentos, com ações que alimentam, educam e transformam.

A organização busca alimentos onde sobra e leva onde falta. O trabalho, denominado Colheita Urbana, é inspirado na ideia de reduzir o desperdício de alimentos na indústria e no comércio, e distribuir o excedente para instituições sociais, minimizando os efeitos da fome e possibilitando a complementação alimentar de qualidade para mais de 20 mil pessoas, todos os dias, em 43 instituições assistidas.

A partir de março de 2020, a ONG Banco de Alimentos ampliou a sua atuação em razão da pandemia Covid-19. Além do trabalho de Colheita Urbana, passou a entregar cestas básicas e cartões de alimentação aos mais atingidos pela crise. Entre abril de 2020 e março de 2021, em ação de ajuda humanitária, distribuiu o total de mais de 5,2 milhões de quilos de alimentos via Colheita Urbana, cestas básicas e cestas digitais, atingindo 1,5 milhão de pessoas por meio de 300 entidades parceiras situadas nas comunidades mais vulneráveis.

Outro pilar de atuação é a Educação Nutricional, que ensina a manipulação e o preparo adequado dos alimentos, sempre visando a sua utilização integral e o aumento do valor nutricional das refeições, contribuindo concretamente para a melhoria da saúde das pessoas atendidas. Oficinas culinárias são desenvolvidas para colaboradores das instituições sociais. Outra frente está na Conscientização, com ações que buscam alcançar a sustentabilidade por meio de mudanças socioculturais, bem como realizar a ponte entre os dois Brasis: o Brasil que passa fome e o Brasil que desperdiça alimentos todos os dias.

Veja como apoiar o trabalho da ONG Banco de Alimentos: www.bancodealimentos.org.br