VAZOU, Plano D´Água, Mosaïc e Encanadas: soluções alinhadas aos desafios do ODS 6

Muriel Gouvêa Reis Lozan, Ieda Akamine e Manuela Macário Afonso (Encanadas); Karina Esper (Mozaïc); Mayra Luna Fávero (VAZOU) e Marina Habkost Schuh (Plano D'Água)

O Hack4Water Brasil reuniu uma comunidade diversa para impulsionar tecnologia,
ativismo, conhecimento e inovação, com o objetivo de desenvolver soluções relativas à
água e à análise de dados em saneamento. O Brasil une-se a iniciativas em todo o
planeta para assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento
para todos.

Para desenvolver soluções e “garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e
saneamento para todos”, como determina o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável
número 6 da ONU, o Impact Hub São Paulo, o antigo Ministério das Cidades do Brasil e
a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, braço do Governo Alemão para
investimentos internacionais) se uniram para realizar o Hack4Water Brasil. O programa
reúne e articula uma comunidade diversa para impulsionar tecnologia, ativismo,
conhecimento e inovação, com o objetivo de criar e desenvolver soluções relativas à
água e à análise de dados em saneamento.

A partir do Hackaton inicial, realizado em março do ano passado, as propostas foram
apresentadas e as que foram aceitas pela banca examinadora passaram pelo
processo de incubação no Impact Hub São Paulo para aceleração e
desenvolvimento. Os quatro negócios aprovados se apresentaram no Demoday
realizado no Impact Hub São Paulo no último dia 20 de março: VAZOU, Plano D’Água,
Mosaïc e Encanadas. As iniciativas seguem agora seus próprios caminhos.

“Foi uma longa jornada, ocorreram muitas discussões com mentores e especialistas em
diferentes temáticas para que esses modelos de negócio chegassem até o formato atual.
Tudo para que eles conseguissem avaliar alternativas para sua evolução e estratégias
diferenciadas para escalarem”, afirma Ruy Camargo, responsável pelos programas de
aceleração do Impact Hub.

Veja a seguir os quatro negócios selecionados que se apresentaram no Demoday
Hack4Water Brasil.

VAZOU
O grupo trabalhou na questão de gestão de perdas na rede de distribuição de água e
apresentou uma proposta de inovação para monitoramento das perdas por meio de um
aplicativo para celular. No modelo de negócios, o usuário comunica vazamentos e passa
a acumular pontos para trocar por benefícios.

“No Brasil, o índice de perda de água tratada chega a 38,1% por furto ou problemas na
tubulação. São Paulo perde 35%. Estamos trabalhando agora na experiência do usuário,
procurando entender como a população poderia se movimentar na solução e como
funcionam as companhias. Em breve apresentaremos o nosso programa de pontos”,
comenta Mayra Luna Fávero, da VAZOU.

Plano D’Água
O ponto de partida da Plano D’Água foi a constatação de que 70% dos municípios
brasileiros com população abaixo de 100 mil habitantes não possuem plano
municipal de saneamento. Além da falta de competências técnicas da gestão pública, o
quadro se agrava com a falta de continuidade das ações.

A solução proposta foi a criação de uma plataforma para gestão de projetos de
saneamento e de capacitação técnica para servidores públicos elaborarem Planos de
Saneamento. Marina Habkost Schuh, da Plano D’Água, destaca que a integração dos
dados vai gerar modelos matemáticos com base nos diagnósticos e soluções. “Teremos
também um aplicativo voltado para a população acompanhar e monitorar a execução dos
planos”, afirma Marina.

Mosaïc
Garantir a qualidade da água sem a necessidade de exames laboratoriais é o negócio da
Mosaïc. O processo se baseia em um sensor que detecta a contaminação da água (índice
e produto) por colorimetria tendo como base o etalon. “Não basta, porém, ter um produto
bom. Estamos enfrentando o desafio de enfrentar as grandes companhias e procurando
estabelecer parâmetros de preço”, explica Karina Esper, da Mozaïc.

Encanadas
Em função da baixa visibilidade dos problemas de saneamento no Brasil, o grupo
Encanadas criou um jogo socioeducativo que desafia os participantes a agirem como
governo e sociedade civil, de forma colaborativa.

A solução busca sensibilizar as pessoas para o fato de que saneamento básico é saúde
e, no futuro, pretende motivá-las a serem protagonistas e agentes de transformação.
“Um jogo possibilita falar de coisas sérias de forma lúdica e divertida. Procuramos
colocar as informações corretas e democratizar o conteúdo que está em plataformas
complexas”, comentam as realizadoras, que pretendem, em breve, lançar a versão
online.

Passos
O objetivo do programa Hack4Water é dar suporte a inovações e negócios que possam
se aplicar nas cidades brasileiras para que o 6º Objetivo de Desenvolvimento
Sustentável da ONU possa ser alcançado.

O Hackaton aconteceu nos dias 15 e 16 de março de 2018 com 115 inscrições,
incluindo empreendedores sociais (22%), ativistas, desenvolvedores, engenheiros,
designers e parceiros estratégicos (Water Innovation Lab Brasil; o Lab Hacker; a Open
Knowledge Brasil e o Hackthon Brasil).

Os participantes se organizaram em times por afinidade e ideias comuns. Mentores,
especialistas e organizações parceiras acompanharam e deram suporte ao  desenvolvimento dos projetos. Alguns participantes viraram a noite trabalhando em seus
projetos, um processo que combinou caos e ordem, por meio de design thinking, que
permite compreender o contexto, o problema, gerar ideias e criar protótipos.

Na pauta do Hackaton, dois desafios foram colocados por serem relevantes no contexto
brasileiro:
– otimização da visualização do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento (SNIS);
– redução da perda de água nas transmissões.

Os participantes receberam um panorama do SNIS, o Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento, e da situação crítica em que se encontram os índices de perdas de
água tratada no Brasil. O banco de dados do SNIS possui informações bastante completas
sobre o saneamento no Brasil e quase não é acessado. Após dois dias de trabalho
intenso, cinco ideias foram desenvolvidas, sendo que duas delas foram apresentadas no 8º
Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília. Outras três ideias se juntaram a elas no
Innovation Lab, que ofereceu, nas dependências do Impact Hub São Paulo, mentoria e
apoio financeiro às ideias ligadas à água e saneamento no Brasil.