Sumá conecta pequenos produtores a empresas e fortalece a agricultura familiar

Daiana Censi Leripio e Alexandre Leripio, criadores da Sumá, que conecta pequenos produtores a empresas e fortalece a agricultura familiar. Fotos: Divulgação.

Com mais de 2 mil agricultores participantes, a Sumá amplia a conexão entre produtores familiares e compradores de alimentos. A empresa lança este ano a versão 2.0 do sistema, que vai proporcionar melhorias na usabilidade e performance da plataforma, e avança em um importante projeto social chamado FaRol Lab (Food and Retail Operations Lab), uma iniciativa em parceria com o laboratório de pesquisa do CTL (Centro de Transporte e Logística) do MIT.

Criada pela engenheira ambiental Daiana Censi Leripio e pelo agrônomo Alexandre Leripio, com o propósito de fortalecer a agricultura familiar no Brasil, a plataforma digital Sumá (nome da deusa tupi-guarani da agricultura) é uma startup de impacto social que faz a ligação entre agricultores e estabelecimentos (hotéis, restaurantes e cozinhas industriais) que querem comprar alimento fresco em um sistema de comércio mais justo. Hortaliças e frutas em geral são os produtos mais comercializados, tais como alface, banana, mandioca, temperos em geral e até alguns produtos em conserva.

O casal Leripio conhecia a situação dos pequenos produtores, a maioria em condições de vulnerabilidade social. Sabia também que a origem de boa parte dos alimentos vinha das pequenas e médias propriedades familiares e que a produção ficava invariavelmente nas mãos de atravessadores. O agricultor não conseguia vender o seu produto diretamente para o consumidor. Eles eram o elo fraco na negociação, em função da frágil capacitação empreendedora. A plataforma Sumá oferece aos agricultores uma plataforma de comercialização justa, com o objetivo de ampliar as margens do pequeno produtor.

De acordo com o último Censo Agropecuário (2017), a agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. Além disso, é responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa do País e por mais de 70% dos brasileiros ocupados no campo.

Atualmente, a Sumá conta com mais de 2 mil agricultores participantes, com cerca de 570 agricultores ativos na plataforma. Destes, 213 estão qualificados para comercializar regularmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No momento, são 72 estabelecimentos cadastrados e 24 estabelecimentos que realizam compras, isso contemplando hotéis e restaurantes.

“Em 2018, focamos na infraestrutura e isso nos permitiu ter mais escala na operação e também atender as principais demandas dos clientes, trazendo tranquilidade para realizar os pedidos e a comodidade de comprar produtos frescos, saudáveis e rastreados de um só canal. Também estruturamos os esforços de captação e qualificação de agricultores para garantir cada vez mais opções de produtos de qualidade e ampliar o impacto social melhorando a vida das famílias e produtores rurais”, explica Daiana Censi Leripio, coordenadora operacional da Sumá. Neta de um agricultor familiar que precisou deixar o campo por falta de oportunidade, Daiana mergulhou no conceito de negócios de impacto social durante o mestrado e levou a ideia para o sócio (e marido).


“Era muito difícil para nós, agricultores, ter essa possibilidade de interagir diretamente com restaurantes por exemplo. A Sumá nos leva a lugares onde sozinhos não teríamos a chance de chegar. Além disso, conseguimos ter um ganho extra e justo”

Leonor Bica Dutra, agricultora de Pelotas (RS)


 

A participação em um processo de aceleração na Artemisia comprovou que o negócio se encaixava nas características de um negócio de impacto social. “Agora, em 2019, vamos lançar a versão 2.0 do sistema que vai proporcionar melhorias na usabilidade e performance. Lançamos o Certificado de Confiabilidade Comercial para solidificar nosso relacionamento com o campo e garantir que cada vez mais os agricultores estejam preparados para fornecer produtos de qualidade e fazerem a gestão correta dos processos produtivos e de comercialização”, explica Alexandre Leripio, que trabalhou 20 anos no Sebrae em projetos relacionados à agricultura familiar.

Perspectivas positivas

Pelo segundo ano consecutivo, a Sumá marca presença nas 100 startups to watch, da revista Exame e o novo estudo do Liga Insights – Food Techs incluiu a Sumá entre as 332 startups que se destacam pelo valor entre as 13 mil analisadas. Foram entrevistados mais de 30 profissionais do setor de alimentação, que discutiram sobre a inovação no setor, oportunidades e desafios. Pesquisas, cases e opiniões foram reunidos nesse estudo, para a construção de um conteúdo relevante para as Food Techs. O relatório teve o apoio das empresas: Ambev, IGC Partners, Cargill e Derraik & Menezes Advogados.

“Também devemos avançar em um importante projeto social chamado FaRol Lab (Food and Retail Operations Lab), uma iniciativa em parceria com o laboratório de pesquisa do CTL (centro de transporte e logística) do MIT. A iniciativa objetiva um real entendimento dos hábitos de consumo das famílias de baixa renda, pobreza e extrema pobreza, da zona oeste da cidade de Rio Grande (RS) incluindo dados de produtos mais consumidos, gastos com alimentos (saudáveis e não saudáveis), número de membros na família e onde costumam comprar seus alimentos. Um projeto piloto deverá ser implementado, tendo como base um novo canal de distribuição para frutas, verduras e legumes”, comenta Daiane.

Outro projeto no radar da Sumá consiste na montagem de cestas de frutas, legumes e verduras (FLV) para compras recorrentes de famílias de baixa renda, reduzindo significativamente o desperdício de alimentos e promovendo o consumo de alimentos frescos, de maior qualidade e preços mais baixos. O projeto conta com a Prefeitura de Rio Grande (RS), que fornecerá dados socioeconômicos destas famílias e da Emater-RS, que ajudará na capacitação dos agricultores familiares que fornecerão produtos direto do campo.

O projeto tem o objetivo de garantir a segurança alimentar, atendendo aos requisitos de nutrição das famílias empobrecidas, que são as mais necessitadas, e a redução de doenças. Além disso, o acesso a alimentos de qualidade possibilitará ainda maior inclusão social, pois os pontos de coletas das cestas de FLV ficarão nos mercadinhos de bairro ou nas ONGs presentes nessas áreas carentes, que são familiares para as famílias da região.

“Em outra frente, devemos avançar nos próximos meses em um programa com as prefeituras em parceria com o Sebrae. Por meio do programa Cidades Empreendedoras do Sebrae SC, vamos iniciar um programa de qualificação de agricultores em cinco cidades de Santa Catarina. Timbó, Indaial, Tijucas e Maravilha”, conclui Alexandre.