Lançado no final de julho, o Clube de Impacto, da Vox Capital, levantou R$ 600 mil para a Diáspora.Black; e a Plataforma de Empréstimo Coletivo da SITAWI, lançada em junho, já soma R$ 1,44 milhão em financiamentos concluídos com sucesso

As plataformas digitais voltadas à captação de recursos preenchem uma importante lacuna do setor de negócios de impacto social: a falta de capital. O sucesso recente das novas plataformas Clube da Impacto, da Vox Capital, e Plataforma de Empréstimo Coletivo, da SITAWI, confirmam que há muitos investidores dispostos a colocar recursos em negócios inovadores e transformadores, capazes de criar um mundo melhor.

Por meio das plataformas, pessoas físicas podem realizar investimentos diretamente em negócios de impacto socioambiental positivo, de forma coletiva, seja via participação acionária (equity crowdfunding), seja via cessão de dívida (peer-to-peer ou P2P lending). Em pouco mais de dois meses, Vox e SITAWI captaram, com sucesso, mais de R$ 2 milhões para investimentos em negócios de impacto.

A administradora de fundos de investimento Vox Capital, que investe em negócios de impacto desde 2009,  lançou o Clube de Impacto (veja reportagem no Notícias de Impacto), plataforma de empréstimo coletivo que tinha o objetivo de captar R$ 600 mil para a Diáspora Black, o primeiro negócio selecionado. Mais de 85 investidores, pessoas físicas interessadas em negócios de impacto, juntaram-se à Vox para investir a partir de R$ 1 mil e a captação foi concluída com sucesso (clique aqui para acesso à plataforma).

”Nosso primeiro investimento foi focado em uma tese racial. A Diáspora Black atua no marketplace de turismo para promoção da igualdade racial como a principal comunidade de turismo afro do Brasil, reunindo anfitriões e viajantes que amam a cultura negra e buscam viver experiências autênticas e inesquecíveis em suas viagens”, afirma Gabriela Chagas, gestora do Clube de Impacto da Vox Capital.

O Clube de Impacto da Vox funciona no modelo de equity crowdfunding. Essa ferramenta virtual permite o investimento, ao lado da Vox Capital, em startups com alto potencial de gerar impacto socioambiental e retorno financeiro. A Vox seleciona, avalia e é a primeira investidora em todos os negócios recomendados, entrando nos mesmos termos que os demais investidores. Após o investimento, a Vox apoiará o crescimento de cada startup para maximizar as chances de sucesso dos investidores.

A Plataforma de Empréstimo Coletivo  (www.emprestimocoletivo.net.), lançada em junho pela SITAWI Finanças do Bem em parceria com o Instituto Sabin, também já atingiu o volume de captação proposto para as cinco empresas selecionadas (clique aqui para ver a reportagem inicial sobre o tema no Notícias de Impacto). Em sua primeira rodada, os interessados puderam pesquisar o perfil, impacto e projeções financeiras dos negócios Up Saúde, Orgânicos in Box, CoopSertão, Stattus 4 e Inteceleri, e investiram no que escolheram com valores a partir de R$ 1 mil. Os cinco negócios alcançaram a meta antes do fim do prazo previsto para captação, em 12 de agosto. Juntos, os financiamentos concluídos com sucesso somaram R$ 1,449 milhão (veja os valores captados para cada negócio aqui). Novos negócios deverão entrar na plataforma nos próximos meses.

A SITAWI levou em conta na seleção dos negócios aspectos como crescimento, sustentabilidade financeira, impacto e liderança. Os negócios usarão o dinheiro para alavancar suas operações e pagarão juros de 1% ao mês pelo empréstimo. Em até 24 meses, os investidores terão recebido de volta todo o capital emprestado acrescido dos juros.

“A plataforma não só permite a entrada de investidores do varejo no investimento de impacto, como também propõe um instrumento que se assemelha à dinâmica da renda fixa, com retornos mensais de juros, mais próxima da realidade desse tipo de investidor. Dessa forma, os investidores podem investir seu dinheiro de forma consciente em empresas que geram impacto socioambiental positivo com condições de pagamento pré-definidas”, explica Andrea Resende, gerente de investimento de impacto da SITAWI.

A plataforma Kria (antiga Broota), foi a primeira a surgir no mercado, com base no equity crowdfunding. Com 45 mil usuários, sendo 2.230 investidores ativos, a Kria registrou R$ 11,8 milhões em captações no ano passado, mais que o dobro do volume captado em 2017, mas reúne startups em geral e não apenas negócios de impacto. Entre os negócios que captaram com sucesso na Kria está o Programa Vivenda, que revolucionou o mercado de reformas habitacionais para a população de baixa renda. Por meio da realização de obras de baixa complexidade e alto impacto social, O Programa Vivenda promove moradias mais saudáveis e dignas, que melhoram a saúde e a autoestima das pessoas.

Ilustração: SITAWI