Kaeté desenvolve novo fundo de investimento para restauração florestal na Amazônia

Após o sucesso do Peixes da Amazônia, Luis Fernando Laranja desenvolve o Fundo de Benefícios Socioambientais, projeto de conservação e restauração florestal na Amazônia em fase de aceleração no The Lab (Foto Kaeté)

O Fundo de Benefícios Socioambientais, projeto da Kaeté Investimentos, foi selecionado pelo The Lab e está em fase de aceleração; prevê a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) de espécies frutíferas em propriedades de pequeno porte

Depois de investir em quatro empresas nos estados do Acre e Tocantins com o Fundo de Investimentos em Participações – FIP, Empresas Sustentáveis na Amazônia –, a Kaeté Investimentos está avançando no desenvolvimento de um novo projeto, o Fundo de Benefícios Socioambientais, um fundo de assistência técnica e financiamento para fomentar a conservação e a restauração florestal na Amazônia. O projeto é um dos nove selecionados entre 100 apresentados ao The Lab, iniciativa público-privada internacional formada por especialistas em investimento sustentável (Climate Finance Lab Org).

O objetivo do The Lab / Climate Finance é facilitar o diálogo entre representantes do setor público e privado, identificando e projetando instrumentos financeiros capazes de oferecer soluções concretas para resolver os enormes desafios colocados por problemas climáticos. Desde 2014, o Lab lançou 25 instrumentos financeiros que mobilizaram quase US$ 1 bilhão em investimentos sustentáveis, incluindo US$ 228 milhões de membros do próprio The Lab.

O projeto apresentado pela Kaeté se enquadra na categoria “uso sustentável da terra”. Gestora de recursos independentes com foco em oferecer oportunidades únicas para investimentos gerando lucros e ao mesmo tempo criando impacto social e ambiental positivo em regiões do país carentes em recursos financeiros, a Kaeté acredita que o Brasil não precisa apenas reflorestar terras degradadas, mas prevenir o aumento da degradação.

O novo Fundo de Benefícios Socioambientais, já está em fase de aceleração no The Lab e envolve a estruturação de um fundo de investimentos (composto por capital de diversas fontes) para viabilizar o reflorestamento da Amazônia por meio da implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) de espécies frutíferas que têm valor de mercado (frutas e nozes como açaí, cacau e castanha do Pará, entre outras), em propriedades de pequeno porte, além de assistência técnica aos produtores rurais na escolha de espécies, plantio e colheita até a facilitação no processo de venda dos produtos em empresas locais, com garantia de aquisição.

“Os principais desafios que precisam ser abordados para evitar o desmatamento e criar um esforço conjunto para reflorestamento em assentamentos rurais são garantir fontes de renda de subsistência para esses colonos; recursos iniciais para práticas de reflorestamento em terras já degradadas dentro de tais propriedades; e assistência técnica para implementar práticas confiáveis de reflorestamento”, explica Luis Fernando Laranja, sócio da Kaeté Investimentos. Mestre em Agronomia e doutor em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado em Animal Science pela Universidade de Kentucky, EUA, Laranja criou a Kaeté em 2011.

“O padrão de desmatamento em menor escala que observamos hoje na Amazônia foi desencadeado por uma combinação de necessidades de subsistência e manejo florestal deficiente pelos pequenos agricultores, e fiscalização precária das autoridades em função de lacunas nas tecnologias de monitoramento. Investir em sistemas agroflorestais –  agricultura incorporando o cultivo e a conservação de árvores – para restaurar terras desmatadas e degradadas pode oferecer retornos econômicos e cumprimento do código florestal para os pequenos produtores. No entanto, existem várias barreiras para os pequenos proprietários implementarem sistemas agroflorestais, incluindo acesso limitado à assistência técnica para implementação, acesso limitado ou nenhum crédito ou financiamento flexível de longo prazo e, o mais importante, pouca capacidade de desenvolver mercados para vender produtos de sistemas agroflorestais. O Fundo de Benefícios Socioambientais procura abordar essas barreiras”, afirma Laranja.

Solução proposta

A meta do Fundo de Benefícios Socioambientais é levantar fundos de provedores de capital e doadores para:

  • identificar fundos de longo prazo para investir em sistemas agroflorestais em terras selecionadas de pequenos proprietários, escolhendo uma combinação ótima de produtos agroflorestais “comoditizados” com liquidez local e mercados regionais;
  • treinar e incentivar os pequenos produtores a trabalhar e a administrar o ciclo da safra por meio de uma parcela dos retornos;
  • ter um papel agregador para os produtos resultantes, desenvolvendo mercados e facilitando a venda de produtos.

Ao permitir a implementação de sistemas agroflorestais em terras de pequenos produtores, o novo Fundo possibilitará uma atividade que armazena, pelo menos, 35% mais carbono na biomassa do solo e acima do solo do que a vegetação atual para pastagens degradadas. Além disso, se a implementação agroflorestal e o método de investimento desenvolvido pelo Fundo forem bem-sucedidos, ele poderá fornecer uma estrutura para as instituições financeiras avaliarem e aprovarem o financiamento de projetos de sistemas agroflorestais apresentados pelos pequenos proprietários em todo o país, ajustados por condições regionais.

O Fundo de Beneficiamento Socioambiental criará um fundo de investimento ou entidade de propósito específico com diferentes classes de investidores que investirão na GEPAR, empresa que será responsável e proprietária dos investimentos agroflorestais sustentáveis ​​de longo prazo e das safras feitas pelos pequenos agricultores. A GEPAR também fornecerá treinamento contínuo e assistência técnica (interna ou por meio de fornecedores terceirizados) para os pequenos produtores selecionados, que irão arrendar parte de suas terras para as culturas agroflorestais.

Pequenos produtores treinados farão as colheitas e o GEPAR, também no papel de agregador, originará compradores e venderá os produtos colhidos, de preferência com acordos de produção no local. A receita será usada para pagar os pequenos agricultores por seu trabalho e as terras arrendadas por sistemas agroflorestais, e o restante volta à GEPAR para que seja possível devolver retornos / dividendos aos investidores.

FIP Empresas Sustentáveis na Amazônia

Em busca de oportunidades para promover a sustentabilidade e desenvolvimento escalável com redução do desmatamento na região, a Kaeté lançou, em 2011, o FIP Empresas Sustentáveis na Amazônia, fundo que conta com o suporte e investimento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e outros investidores institucionais e privados, totalizando R$ 100 milhões de capital comprometido. O FIP tem como foco o investimento em companhias que contribuem para o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal (região Norte, Mato Grosso e parte do Maranhão), incluindo as seguintes cadeias produtivas: produção primária sustentável (frutas regionais, dendê, fibras, gomas, resinas); indústria de alimentos, fibras, cosméticos, óleos/essências, têxteis, gomas, borracha e biotecnologia; piscicultura; produtos florestais madeireiros e não madeireiros; ecoturismo; serviços e tecnologias ambientais; reciclagem e tratamento de resíduos; energia renovável e infraestrutura logística.

O foco da Kaeté é realizar investimentos minoritários em negócios de médio porte com potencial de crescimento que tenham consumidores de baixa renda como público-alvo; impacto econômico e social relevante nas famílias de renda baixa e nas cooperativas localizadas em comunidades com limitação de acesso a empregos e atividades empreendedoras; e que promovam um uso melhor e mais sustentável dos recursos naturais. Com as iniciativas, a Kaeté já vem registrando vários cases de sucesso, como o Peixes da Amazônia e Tobasa Bioindustrial de Babaçu.